Aonde vamos em 2022?

Aonde Vamos em 2022?

Muitas pessoas se perguntam onde foram parar as esperanças, os sonhos, os votos por um ano mais tranquilo, com mais saúde, paz e alegria para todos?

O ano começou e os primeiros meses foram de uma violência sem igual. Primeiro, tivemos o assassinato do rapaz congolês, Möise, em plena praia da Barra da Tijuca, um dos cartões postais do Rio de Janeiro, espancado até a morte por cobrar diárias que lhe eram devidas. Agora, o mundo está atônito ante a uma guerra absurda entre Rússia e Ucrânia que pode levar ao colapso de toda a humanidade.

Como nos diz a Mensagem Anual de Cafh de 2015, é indubitável que com o passar do tempo a sociedade avançou em muitos aspectos de seu desenvolvimento. No entanto, parece que a nossa capacidade de conviver em paz e harmonia não consegue se desenvolver no mesmo ritmo do avanço científico e técnico da sociedade.

Ondas de irracionalidade se propagam pelo mundo e ganham vida sentimentos, emoções, atos, que acreditávamos que, como humanidade, havíamos superado. É assim que nos surgem perguntas que, na maioria das vezes, desejamos que se resolvam de maneira milagrosa e sem se realizar nenhum esforço de nossa parte.

Como ocupar o próprio lugar no mundo e não dois lugares, coexistir em harmonia, aceitar a diversidade em nossa sociedade convulsiva? Como poderíamos gerar uma onda com a mesma força, mas desta vez com consciência, de amar por amar, de respeito, de reverência pela vida?

Não é fácil manter-nos habitualmente conscientes de que somos parte do grande conjunto humano, bem como pensar e sentir de acordo com essa consciência, porque tendemos a abstrair-nos de tal maneira em nossos estados de ânimo e em nossa história cotidiana que o resto do que acontece se reduz a uma tela de fundo de notícias que vão substituindo umas às outras. E, quando aprofundamos a reflexão para dar-nos conta realmente de nossa participação no grande conjunto humano, também nos é difícil agir de forma consequente.

A doutrina da renúncia que nos sustenta em Cafh oferece possibilidades de avaliar com equanimidade, mais objetivamente, os passos da dolorosa trajetória do ser humano em busca de sua liberdade e felicidade.

Talvez, possamos começar por aceitar que somos tão frágeis, tão profundamente carentes e ignorantes, que não conseguimos ainda entender que não há nenhuma solução mágica: apenas a união entre as pessoas, a transformação das nossas energias em amor ou, pelo menos, em compaixão e empatia podem nos aproximar uns dos outros e anunciar alguma esperança para a nossa atual sociedade. É somente olhando o outro como uma parte de nós, como um igual, alguém que é apenas um ser humano como eu, você e qualquer outro que teremos a oportunidade de estabelecer uma relação minimamente respeitosa.

Temos todas as possibilidades, temos feito coisas mais complexas: olha aí as tecnologias que o homem é capaz de inventar. Como não podemos criar uma relação mais amistosa, cordial e respeitosa? Como não podemos acolher os que estão desesperados por um pedaço de chão, simplesmente, para poderem sossegar, ter uma terra, um lugar para morar, para se manter vivos?

A mudança de uma atitude egoísta de agressão e de competição para uma atitude inclusiva e participativa requer toda nossa energia. Nossa história como seres humanos nos mostra uma sucessão de guerras e de matanças que até o dia de hoje não cessou. São séculos alimentando hábitos nessa direção. Em nosso coração albergamos o ousado sonho de reverter e suplantar esses hábitos por outros novos e diferentes. Novos, porque estão enraizados em novas atitudes. Diferentes, porque as novas atitudes nos levam a apelar para a voz de nossa vocação a qual nos sussurra que o coração de cada ser humano conta com a faculdade de realizar a alquimia interior que transforma o temor, a vingança, os desejos possessivos em confiança, em inclusão e em participação por amor; porque cremos firmemente que as respostas por reação, defensivas, podem ser substituídas por compreensão, solidariedade, assistência abnegada.

A cada dia podemos escolher como vamos nos relacionar, tratar a pessoa que se aproxima de nós. Isso não depende dos outros, só depende do nosso estado de consciência e, mais do que tudo, de sermos capazes de abrigar os outros seres em nosso coração.

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