Exercício de escutar-se

Na edição anterior (Revista Cafh – No.2/Ano I), apresentamos a ideia de meditação como ferramenta para alcançar novos estados de consciência. Nesta e nas próximas, tentaremos ampliar a ideia de ferramenta e também apresentar uma técnica de meditação. Atualmente muito se tem dito a respeito de meditação e das várias técnicas para realizá-la. Na verdade, este

exercício é praticado há milênios, geralmente utilizado como instrumento de interiorização, oração, cura, relaxamento, transformação etc.

A meditação tem sido considerada eficaz em praticamente todos os caminhos espirituais. O exercício de meditação, como o proposto em Cafh, tem como principal objetivo levar-nos ao nosso mundo interior, transcendendo barreiras criadas por defesas inconscientes, descobrindo-nos, possibilitando-nos ir além do que conhecemos e expressamos no nosso cotidiano. A meditação nos ajuda a vermo-nos tal qual somos, a aceitar esta realidade que aqui está e a modificá-la, se assim o desejarmos. Utilizamos para isso um diálogo íntimo, onde somos interlocutores de nós mesmos.

Explicando melhor, poderíamos dizer que é um diálogo que estabelecemos com nossa consciência mais profunda, em presença do Divino. A esta técnica, damos o nome de Meditação Discursiva.

Para praticar a técnica, seguimos temas e passos – cada um dos intervalos que integram o exercício, como invocação, espera e resposta. Nesta edição, falaremos dos passos. Os temas nos quais focamos a meditação discursiva nos põe em contato com a simbologia universal e serão detalhados em outras edições.

INICIANDO O EXERCÍCIO

Sentemos onde possamos ficar cômodos e tranquilos; iniciemos a prática da meditação fazendo um tempo de respiração lenta como forma de desconectar-nos do movimento exterior com o qual estamos acostumados. Em seguida, repitamos calmamente três vezes: “meditação discursiva, tema”… Continuando, anunciamos “invocação”.

Na invocação, abrimos nossa alma para nós mesmos, narrando o que nos ocorre; descrevemos a realidade como a percebemos, relatando as situações de forma que não seríamos capazes de expressar para um terceiro, falamos para nós mesmos livres de qualquer censura. Depois de um certo tempo fazendo esse discurso, anunciamos o segundo passo: Espera.

Agora, ficamos em silêncio, sem antecipações nem expectativas, sem alimentar os pensamentos que insistem em surgir. Terminada a espera, anunciamos o terceiro passo: Resposta.

Depois de haver intencionalmente esvaziado mente e coração, podemos passar a ver as coisas de outro ponto de vista, e nosso eu consciente nos fará ver aspectos que antes não percebíamos. Às vezes, acontece de rejeitarmos, a princípio, a resposta que nossa consciência nos dá. Porém, se nos mantivermos atentos e, sobretudo, se formos verazes ao apresentarmos o tema na invocação, em algum momento a resposta será compreendida. A isto chamamos de expansão da consciência. Para consegui-la, é necessária a coragem de ser veraz consigo mesmo, reconhecendo-se como um ser humano como qualquer outro. Nem sempre o que vemos a nosso respeito é bonito. Pode ser, por exemplo, que por trás de um conflito de relação com uma determinada pessoa exista uma forte dose de inveja. O que fazer? Sugere-se que este exercício dure 15 minutos, dando-se 5 minutos a cada passo. Ao escolher esta forma de trabalho, torna-se necessário que queiramos mudar algo ou que compreendamos de forma diferente ou mais profunda o que vemos e compreendemos hoje.

A meditação dita discursiva cumpre um papel importante em nosso desenvolvimento espiritual. Mostra-nos nosso subconsciente e inconsciente. Ensina-nos a aceitar e a entender nossos processos interiores. Quando nos conhecemos e conhecemos nosso processo, fica mais fácil aceitar e amar o outro como ele é, numa convivência harmônica.

Últimas matérias
NewsLetter

Assine nossa newsletter

Assine nosso boletim informativo para obter informações atualizadas, notícias e insights gratuitos.