Mensagem do Diretor Espiritual Mundial de Cafh – José Luis Kutcherauer

Muito bom dia a todos!

Queridos Filhos e Filhas de Cafh no Brasil: É uma graça que nos brinda a Divina Mãe podermos estar hoje reunidos aqui, para comemorar os 50 anos de vida de Cafh no Brasil.

A Fundação de Cafh no Brasil, no dia 23 de março de 1957, foi um marco na história de nosso Caminho. Foi a primeira fundação fora da Argentina, e assinalou o começo da expansão de Cafh para o mundo. Um imenso país, com uma idiossincrasia própria e com imensas possibilidades, tanto espirituais como por seu papel no mundo futuro…

Um verdadeiro desafio, um novo horizonte se abria à ideia da Renúncia.

“Ideias e obras novas se preparam para o mundo…” Com essas palavras, Dom Santiago iniciou o primeiro curso de Ensinanças. Essa frase nos revela uma grande verdade, que as obras não nascem da noite para o dia. São o produto de um esforço, de uma preparação que se inicia muito antes da obra em si. Além disso, é interessante observar que não ocorrem como fenômenos isolados. Realizam-se num momento da história, dentro de um contexto, porém, ao mesmo tempo, em conjunção com muitos outros acontecimentos.

Cafh no Brasil foi fundada em 1957. Nesse ano, ocorreram fatos muito relevantes para o mundo. Foi o ano em que se firmou o tratado que constituiu a Comunidade Européia. A partir desse tratado, a Europa se transformou, dando novas possibilidades a milhões de seres humanos, pelas grandes mudanças que implica essa Comunidade do ponto de vista político, social e econômico. Um grupo de países que, durante séculos, estiveram em guerra uns com os outros, propuseram-se a abrir suas fronteiras, buscando unir-se, participar e aceitar a diversidade.

O ano de 1957 foi também o ano em que, pela primeira vez, um ser vivo da Terra orbitou nosso planeta. Ainda que a cachorrinha Laika não tenha podido regressar à Terra com vida, seu sacrifício abriu caminho para as viagens espaciais tripuladas por seres humanos. Rompeu-se um limite, e um campo novo de possibilidades se abriu. Da mesma maneira, a mensagem que Cafh veio trazer para o mundo nos convida a quebrar barreiras, a ir além de nós mesmos. Como sabemos, cada um desses importantes fatos não foi produto de um dia, nem obra de uma só pessoa, mas exigiu uma longa etapa de preparação e um trabalho realizado em conjunto.

Da mesma maneira, nosso caminho de desenvolvimento tem percorrido etapas, já que não é fácil fazer de um sonho, de uma aspiração, uma realidade. E muito menos que perdure durante 50 anos, plasmado numa realidade viva, que se transforma permanentemente e que, ao mesmo tempo, transforma a vida das almas. Temos passado por provas muito duras, porém, aqui estamos. Demos graças à Divina Mãe, aos Santos Mestres e a todos os Filhos e Filhas de Cafh que foram e que hoje são. De tudo que ocorreu, aprendemos e adquirimos sabedoria. Saímos fortalecidos. Dos erros, tiramos ensinamentos e, com os acertos, nos alentamos a abrir mais caminhos. Tudo o que hoje vivemos é o resultado do que fizemos. É importante tomar consciência de que o que nos tem ajudado a concretizar esse sonho é não perder de vista nossa razão de ser.

Mantenhamo-nos aos pés da Divina Mãe, abertos a continuar de acordo com o que Ela disponha. Poderemos, talvez, tomar decisões erradas como seres humanos que somos. Porém, nunca devemos esquecer que não podemos nos permitir tomar decisões que sigam um critério alheio à nossa vocação de Renúncia. Lembremos com frequência quem somos, quais foram as responsabilidades que livremente assumimos, e cumpramos cabalmente o nosso compromisso.

Esta atitude, esta convicção é o que dará força de realização a tudo que fizermos. Trabalhemos unidos para realizar o sonho de que nós, membros de Cafh, podemos contribuir para gerar paz e harmonia no mundo. Peço à Divina Mãe que possamos compreender que de nós depende o futuro de Cafh e o fortalecimento da ideia da Renúncia. E ainda que um compromisso tão grande possa nos intimidar, nem por isso devemos fechar os olhos ao desafio de assumi-lo.

Entendamos a vivência de nossos Votos não somente como um meio para unir-nos à Divina Mãe, mas também como uma oportunidade para servir, para nos doarmos e para abrir caminho com nossa própria vida. Entreguemos nossa força e vitalidade a esta extraordinária ideia – a Renúncia – que Cafh nos oferece. Cafh hoje é uma força em marcha, uma força viva, com identidade própria. Somos a casa sem esteio, capaz de albergar as almas sem limitá-las. Cafh nos convida a renunciar a nós mesmos, a ir além de nossos interesses pessoais. Cafh atrai porque toca essa corda de ressonância, desperta essa capacidade de amar que todo ser humano leva no coração. Entra em consonância com o mais puro de cada alma, que é o anseio de dar-se.

Dom Santiago dizia: “A palavra guia, o exemplo conduz, mas só o dar-se transforma”. Cafh nos leva a reconhecer o melhor que temos e abri- lo à luz. Cafh nos leva a descobrir que a plenitude está em nosso interior, em reconhecer esse amor que albergamos em nosso coração, no simples fato de dar-nos totalmente, minuto a minuto, e em cada circunstância. Cafh nos convida a expandir a mensagem da Renúncia para facilitar o caminho de todas as almas e alcançar um mundo melhor. Hoje é um momento oportuno para que juntos recordemos e agradeçamos.

Damos graças, em primeiro lugar, à Divina Mãe, que nos deu esta oportunidade de vida; a nosso venerado fundador, Dom Santiago, que nos mostrou o caminho da Renúncia; a nosso amado Sr. Jorge Waxemberg, que nos acompanhou durante todos esses anos com seu amor e exemplo de vida, e ao querido Carlos Emílio Plüss, que acreditou na vocação de Renúncia dos Filhos e Filhas da Divina Mãe que moravam neste país.

Recordemos algumas de suas palavras para levá-las na mente e no coração. Na Mensagem de 1960, nosso Fundador nos dizia: “Esta é a principal missão de Cafh nas almas: dar-lhes o sentido do sobrenatural, do Divino, do Eterno… Não vos esqueçais, não vos esqueçais que guardais um tesouro divino, uma centelha sobrenatural na alma e que somente isso é o que deveis dar às almas, e é o que elas esperam da Mensagem de Cafh”. Jorge Waxemberg, seu sucessor, nos levou a ampliar nossa visão da vida e do mundo com estas palavras: “O amar sem esperar algo do amor produz uma expansão interior que a alma experimenta como participação. Outras almas, outras vidas penetram nela como se fossem ela mesma, e este movimento expansivo parece não ter limites. A participação interior faz a alma sensível às necessidades de todos os seres humanos, sem discriminações nem divisões, e é a força que move as obras de bem para o mundo.”

Não vamos enumerar as obras que se realizaram até aqui, durante estes 50 anos, nem vamos nomear todos os Filhos e Filhas que, com suas vidas e aportes, foram os pilares na construção e expansão da obra de Cafh no Brasil. Não gostaria de omitir involuntariamente alguns que foram alicerce, mãos que construíram, alento espiritual que deu forma a Cafh no Brasil. No entanto, não nos privaremos hoje de recordar estes momentos tão importantes para todos nós. Vamos recordá-los e apreciá-los juntos.

Neste momento tão importante, gostaria de convidá-los a que cultivemos a amizade, estimulemos nosso labor de abrir caminho à consciência humana com a oferenda honesta e real que hoje podemos fazer; compartilhemos nossas experiências de vida, nossas compreensões interiores, os avanços na meditação e na oração profunda, enriquecendo assim nossas vidas. Todos podemos nos desenvolver e ser almas cada vez mais livres, mais dispostas a esquecermos de nós mesmos para nos darmos sem medida. Tomemos o passado como fonte de sabedoria e olhemos para o futuro que nos aguarda: o mundo das almas que almejam a Ensinança de Vida que lhes podemos dar. Fiquemos com as palavras de Dom Santiago, que nos mostram nosso destino e nossa vocação: “Um amor pequeno sou eu, que se expande e vai se reconhecendo em sua expansão; eu sou a outra alma, eu sou as outras almas, eu sou o céu de almas, eu sou todas as almas”.

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