Recolhimento interior – uma passagem para o silêncio

Joaquim Fernandes Neto

Quando fui convidado para escrever este artigo, se misturaram vários pensamentos e sentimentos em minha mente, um turbilhão de ideias aflorou, passando por diversos vieses: uma verdadeira roda-viva.

Percebi que, como a vida nos leva a pensar e a agir, eu estava fazendo o movimento centrífugo, que nos leva para fora, que nos fraciona, força do hábito. Porém, sendo o tema “Recolhimento interior, uma passagem para o SILÊNCIO”, para escrevê-lo, tenho que fazer exatamente o contrário, ou seja, o movimento centrípeto, que nos leva para dentro, para o centro, para a unidade.

Para encontrar essa unidade, o melhor instrumento que temos é a realização de retiros de cunho espiritual, nos quais nos recolhemos em um lugar determinado, preferencialmente nas montanhas, onde encontramos o ambiente propício para o confronto conosco mesmos e onde temos a grande oportunidade de um profundo recolhimento e, consequentemente, de encontrar o silêncio interior e exterior, essa unidade: o Divino mesmo. Formamos grupos de 20, 30 pessoas, por período que variam de 3 a 8 dias e, juntos, praticamos essa ascética de liberdade.

Possivelmente, vocês estão se perguntando como, em grupos tão grandes, pode ser possível alcançar o recolhimento interior? Pois é justamente aí, no confrontar-se consigo mesmo e com grupo, entendendo-se por confrontar-se estar face a face, sem véus, como realmente somos, que isso se torna possível: essa proximidade; essa dualidade; o pequeno e o grande; eu e o grupo; eu e o universo.

Sem dúvida nenhuma, a meditação e o estudo são fundamentais para esse processo. Meditamos para alcançar um nível de vivência, que não o lugar comum, para vibrar em outra tônica. Estudamos temas cuidadosamente escolhidos, de acordo com a época, para nos ajudar nessa tarefa, tais como: Diversidade, Compromisso, Confiança, Integridade, Ética, Transformação, entre outros. Um dos caminhos para a confrontação das ideias é o diálogo como técnica para se alcançar um aprofundamento, um entendimento em um nível maior, ampliando, assim, nosso estado de consciência.

É o transitar esse espaço, essa experiência, que nos leva à dimensão de nós mesmos – seres humanos – divinos? São períodos riquíssimos, nos quais, não somente podemos desatar os nós de nossa existência e fazer novas alianças, mas também o subconsciente aflora com força, através de nosso sonhar, gerando a força motriz para que nossa unidade não se fracione; para que ela se mantenha coesa, e a força dessa coesão é o SILÊNCIO, que se alcança através do RECOLHIMENTO.

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