Os sete princípios herméticos

Cláudio Moreira

Estima-se que os Sete Princípios Herméticos (7PH) tenham sido registrados por volta de 2700 AC, portanto, nos primórdios da civilização. Os quase 5000 anos decorridos desde então levaram o homem às mais diversas experiências sociais, políticas e científicas, que moldaram,

e subsequentemente invalidaram uma infinidade de conhecimentos, até chegarmos ao estoque de que dispomos “aqui e agora”.

Nesse turbilhão avassalador, constatamos que os 7PH se mantiveram íntegros, como pedras fundamentais de tudo o mais que se seguiu. Isso bem que poderia nos levar a classificá- los como “eternos”, pois dependendo do grau de consciência do observador, eles fariam jus a esse qualificativo. Cada um dos 7PH pode ser uma verdade eterna.

No texto a seguir vamos ver que eles influenciaram todas as culturas, filosofias e religiões. Podemos, inclusive, percebê-los subjacentes a vários ensinamentos de Cafh.

Neste número em que a revista Cafh se dedica à mística no nosso cotidiano, nos parece oportuno olhar para o tema proposto pela ótica das duas dimensões temporais: do aqui e agora e do eterno.

Hermético do Lat. hermeticu < Hermes < Gr. Hermês adj., encimado por um busto ou cabeça de Mercúrio; fechado por forma tal que não deixe entrar o ar; misterioso; confuso; obscuro;
s. m., aquele que pratica a ciência da transmutação dos metais e da medicina hermética.
arte -a: a alquimia.

Hermes
Hermes Trismegisto é a tradução em latim do grego Ερμης ο Τρισμεγιστος. Significa “Hermes, o três vezes grande”.

Trata-se do nome dado pelos neoplatônicos, místicos e alquimistas ao deus egípcio Thoth, Tot ou Tehuti, identificado com o deus grego Hermes. Ambos eram os deuses da escrita e da magia nas respectivas culturas.

Thoth simbolizava a lógica organizada do universo. Era relacionado aos ciclos lunares, cujas fases expressam a harmonia do universo. Referido nos escritos egípcios como “duas vezes grande”, era o deus do verbo e da sabedoria, sendo naturalmente identificado com Hermes. Na atmosfera sincrética do Império Romano, deu-se ao deus grego Hermes o epíteto do deus egípcio Thoth.

Como “escriba e mensageiro dos deuses”, no Egito Helenístico, Hermes era tido como o autor de um conjunto de textos sagrados, ditos “herméticos”, contendo ensinamentos sobre artes, ciências, religião e filosofia – o Corpus Hermeticum – cujo propósito seria a deificação da humanidade através do conhecimento de Deus.

É pouco provável que todos esses livros tenham sido escritos por uma única pessoa, mas representam o saber acumulado pelos egípcios ao longo do tempo, atribuído ao grande deus da sabedoria.

O Corpus Hermeticum, datado provavelmente do século I ao século III A.C., representou a fonte de inspiração do pensamento hermético e neoplatônico renascentista. Na época acreditava-se que o texto remontasse à antiguidade egípcia, anterior a Moisés, e que nele estivesse contido também o prenúncio do Cristianismo.

Segundo Clemente de Alexandria eram 42 livros subdivididos em 6 conjuntos. O primeiro tratava da educação dos sacerdotes; o segundo, dos rituais do templo; o terceiro, de geologia, geografia, botânica e agricultura; o quarto, de astronomia e astrologia, matemática e arquitetura; o quinto continha os hinos em louvor aos deuses e um guia de ação política para os reis; o sexto era um texto médico.

Costuma-se creditar também a Hermes Trismegisto “O Livro dos Mortos” ou “O Livro da Saída da Luz” e o mais famoso texto alquímico – a “Tábua de Esmeralda”.

Caibalion

“A palavra Caibalion na linguagem secreta significa tradição ou preceito manifestado por um ente de cima. Esta palavra tem a mesma raiz que a palavra Qabala, Quibul, Qibal, com o acréscimo do ion, vida ou ente manifestado, ou eon dos gnósticos.”

No Egito, há cerca de 5000 anos, se estabeleceu a maior das Lojas dos Místicos. O Grande Mestre, o Mestre dos Mestres, foi Hermes Trismegisto, o Três Vezes Grande.

Pelas portas de seus templos entraram os neófitos que, mais tarde, como hierofantes, adeptos e mestres, se espalharam pelo mundo levando consigo o precioso conhecimento que possuíam, ansiosos e desejosos de ensiná-los àqueles que estivessem preparados para recebê-los.

“Os lábios da Sabedoria estão fechados, exceto para os ouvidos do Entendimento” – aforismo do Caibalion.

Nos primeiros tempos existiu uma compilação de certas doutrinas básicas do hermetismo, transmitida de mestre a discípulo, a qual era conhecida sob o nome de “Caibalion”.

Era simplesmente uma coleção de máximas, preceitos e axiomas, não inteligíveis aos profanos e constituíam realmente os princípios básicos da Arte da Alquimia Hermética que, contrariamente ao que se crê, baseia-se no domínio das forças mentais, em vez de no domínio dos elementos materiais; na transmutação das vibrações mentais em outras, em vez de na mudança de um metal em outro.

Por esse processo, os Preceitos Herméticos foram espargidos por todas as regiões da Terra e em todas as religiões, mas não ficaram cativos de nenhuma delas em particular. Segundo afirma Édouard Schuré(1), isso aconteceu por causa das advertências feitas pelos antigos instrutores para que a Doutrina Secreta não ficasse cristalizada num só credo. Houve intenção firme, havia sabedoria. Moderna sabedoria cibernética de ampliar a variedade para garantir a vida do sistema, atual “Sabedoria da Insegurança” (2). Isso há 2700 anos A.C.

Os Sete Princípios Herméticos

“Os Princípios da Verdade são sete; aquele que os conhece perfeitamente possui a Chave Mágica, com a qual todas as Portas do Templo podem ser abertas completamente”. – Caibalion

I. O Princípio de Mentalismo

II. O Princípio de Correspondência
“O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima.” – Caibalion

III. O Princípio de Vibração
“Nada está parado; tudo se move; tudo vibra.” – Caibalion

IV. O Princípio de Polaridade
“Tudo é Duplo; tudo tem pólos; tudo tem o seu oposto; o igual e o desigual são a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em graus; os extremos se tocam; todas as verdades são meias verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados.” – Caibalion

V. O Princípio de Ritmo
“Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; o ritmo é a compensação.” – Caibalion

VI. O Princípio de Causa e Efeito
“Toda Causa tem o seu Efeito, todo Efeito tem a sua Causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; há muitos planos de causalidade, porém nada escapa à Lei.” – Caibalion

VII. O Princípio de Gênero
“O Gênero está em tudo; tudo tem o seu princípio masculino e o seu princípio feminino; o Gênero se manifesta em todos os planos.” – Caibalion

Referência: (1) Schuré, Edouard- “Hermes” – Os Grandes Iniciados; Ediouro, 1955 | (2) Watts, Alan- “ The Wisdom of Uncertainty”- Sabedoria da Insegurança

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