Crer mas sem crer

E para bem conhecer minha estrada, fico escutando, pálpebra cerrada. Sim, acredito que é bem pelo ouvido que Deus avança, sem pressa, tranquilo e que meu condutor, surpreendido, quando Ele chega fica assim a ouvi-lo – quando Ele chega sem pedir licença, pois eu não daria (é o que Ele pensa!). E eu que na prece não acredito

deixo-o aqui livre, solto, expedito.

Que outro remédio eu teria afinal, eu que não passo de um homem trivial? Resistiria então? Mas quem resiste a alguém que vem de tão longe e assiste, modestamente chega e se instala sem discussão bem no fundo da sala no fundo das casa e dos dilemas, invisível, mas alguém que te fala sobre os teus mais recônditos problemas?

Jules Supervielle (1884-1960)

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