Fragmentos

Vânia Nogueira

OMAR LAZARTE

“Forte como a vida mesma, unido intimamente à natureza humana, é o sentido de posse expressado nessa necessidade de atuar com a ideia do ‘eu’ e do ‘meu’. Mas se o homem quiser progredir no Caminho, não perecer nesses laços e alcançar a liberação espiritual, deve estar sempre alerta para descobrir seu sentido apropriativo e eliminá-lo em seus distintos matizes. A posse é expressão de identificação materialista, é selo de coisificação, de que nos atamos às coisas. A Renúncia é liberdade de ter e deixar segundo convenha ao bem de todos. A posse é separatividade apropriativa; a renúncia é expansão e participação com o próximo.” Omar Lazarte – Uma Nova Dimensão de Vida (ECE Editora, SP, 1979) Págs 31/32

“O homem quer possuir primeiro os bens materiais, busca a satisfação e a autoafirmação neles, quer acumulá-los sem medida, e essa necessidade de posse o sacode e tira da inércia e da passividade. Mas, através da dor, descobre que as posses materiais dão somente um prazer passageiro e uma escravidão permanente.” Omar Lazarte – Uma Nova Dimensão de Vida (ECE Editora, SP, 1979) Pág. 32

“Na individualidade se tem consciência da necessidade do conjunto. Não se pensa somente no benefício próprio, senão que se pensa no benefício de todos. Sabe-se que a conveniência do indivíduo e do conjunto não se opõem, e sim, que são uma mesma coisa. Podem parecer antagônicas enquanto o ser vive no credo de posse egoísta, mas quando aplica a renúncia, o ser identifica o bem de um com o bem de todos. A renúncia é a que varre toda separatividade entre indivíduo e comunidade.” Omar Lazarte – Uma Nova Dimensão de Vida (ECE Editora, SP, 1979) Pág. 52

“O homem que se ajusta a um esquema rígido está atado à inércia, tende a seguir no mesmo estado e direção. Ao encontrar uma boa regra ou método, segue-o não somente enquanto é oportuno mas também quando já é inútil e contraproducente. Ao achar uma nova verdade a estrutura, e assim, fica estancado, não pode encontrar outras verdades mais amplas. Mas o ser que renuncia a ter uma verdade estruturada, expande sua compreensão ao Infinito; o ser que renuncia a ter uma só direção, faz-se dono de todas as direções.” Omar Lazarte – Uma Nova Dimensão de Vida (ECE Editora, SP, 1979) Pág. 55

SAI BABA (Baghavan Sri Sathya Sai Baba)

“Você deve gradualmente livrar-se dos apegos que conduzem ao extravio. Só então poderá manter-se ereto, sem que o peso da carga o vergue.”

“Aja conforme diz. Diga conforme sente. Não jogue falso com sua consciência. Não a sufoque, forçando-a a engajar-se em ações por ela mesma desaprovadas.” Sai Baba – Sadhana: O Caminho Interior (Edit. Nova Era, 4a Ed., 1989) – Págs 145 e 146

LYA LUFT

“A cada transição executamos nossos rituais, perdemos alguns bens e ganhamos outros, alguns duramente conquistados. Falo dos bens de dentro.

Esses que nem o banco fechando nem país falindo caducam: esses que nem o amado morrendo a gente perde; esses que na dor nos iluminam, na alegria nos ajudam a curtir mais, e no tédio – quando tudo parece tão sem graça – agitam correntes submersas de energia mesmo se a superfície parece morta.

Quando pensamos que tudo acabou, que nunca mais teremos alegria ou emoção, tudo isso que estava guardado e é bom emerge em plena vigência e força.

É desses tesouros que eu falo: eles podem vencer o que nos paralisa. Hão de superar essa cultura do aqui e agora, do aproveitar, do adquirir, do estar na moda, do estar por cima, do estar-se agitando e curtindo sem parar.” Lya Luft – Perdas e Ganhos, Ed. Record, 2004, 19a Ed., crônica “Dançando com o Espantalho”, próprio – Págs 88/89

KRISHNAMURTI

“Só pode haver amor quando o pensamento do eu está ausente e a liberdade com relação ao eu reside no autoconhecimento. Com o autoconhecimento vem a compreensão, e quando o processo da mente é completo e plenamente revelado e compreendido, vocês vão saber o que é amar. E verão que o amor nada tem que ver com a sensação, que ele não é um meio de realização.

Então, o amor existirá por si mesmo, sem ligação com nenhum resultado. O amor é um estado de ser do qual o “eu”, com suas identificações, ansiedades e posses, está ausente.” Krishnamurti – Sobre o Amor e a Solidão (Editora Cultrix, SP, 9a Ed., 1999) – Págs 54/55

“A mente livre é aquela que foi além desse sentido do sofrimento; ela está livre de toda mágoa e tem portanto condições de nunca voltar a ser magoada em nenhuma circunstância. Seja ela lisonjeada ou insultada, coisa alguma a pode tocar, o que não quer dizer que ela tenha construído uma resistência. Pelo contrário, ela é maravilhosamente aberta.” Krishnamurti – Sobre o Amor e a Solidão (Editora Cultrix, SP, 9a Ed., 1999) – Pág. 153
PARAMAHANSA YOGANANDA

“O sofrimento é um bom professor para os que aprendem com ele, rapidamente e de boa vontade, mas torna-se um tirano para os que resistem e se ressentem. O sofrimento pode nos ensinar quase tudo. Suas lições nos estimulam a desenvolver discernimento, autocontrole, desapego, moralidade e consciência espiritual transcendente. (…) A dor resultante da perda de riquezas ou de pessoas queridas nos lembra a natureza temporária de todas as coisas neste mundo de ilusão.” Paramahansa Yogananda – Onde Existe Luz (Self-Realization Fellowship, 1997) – Pág. 15

“Todos os dias faça alguma coisa em benefício dos outros, mesmo que seja algo insignificante. Se você quer amar a Deus, é preciso amar as pessoas. Elas são filhas Dele.

Você pode ser prestativo no plano material dando aos que precisam e no plano mental dando conforto aos sofredores, coragem aos temerosos, amizade divina e apoio moral aos fracos. Você também semeia bondade, quando desperta nos outros o interesse por Deus e quando cultiva neles um amor a Deus, uma fé mais profunda Nele. Quando deixar este mundo, as riquezas materiais ficarão para trás; mas todas as suas boas ações o acompanharão.” Paramahansa Yogananda – Onde Existe Luz (Self-Realization Fellowship, 1997) – Pág. 78

“O prazer do homem moderno está em obter mais e mais, não se importando com o que acontece aos outros. Mas não seria bem melhor viver com simplicidade sem muito luxo e com menos preocupações? Não há prazer algum em se ocupar tanto a ponto de não poder aproveitar o que tem (…). Tempo virá em que a humanidade começará a abandonar essa consciência da necessidade de tantos bens materiais. Maior segurança e mais paz serão encontradas na vida simples.” Paramahansa Yogananda – Onde Existe Luz (Self-Realization Fellowship, 1997) – Pág. 89

“Se estiver sempre emitindo cheques sem nada depositar na sua conta bancária, você acabará sem dinheiro. O mesmo acontece com a sua vida. Sem depósitos regulares de paz na conta da vida, faltar-lhe-á vigor, calma e felicidade. Finalmente, você será levado à falência emocional, mental, física e espiritualmente. Porém, a comunhão diária com Deus reabastecerá permanentemente seu saldo bancário interno.” Paramahansa Yogananda – Onde Existe Luz (Self-Realization Fellowship, 1997) – Pág. 89/90

“Proporcionar felicidade aos outros é de suma importância para a nossa própria felicidade, além de ser uma experiência gratificante. Algumas pessoas só pensam na própria família, nós e mais ninguém. Outros preocupam-se apenas com eles próprios. Como é que eu vou ser feliz? Essas são, porém, justamente, as pessoas que não alcançam a felicidade!”
“Prestando serviço aos outros, espiritual, mental e materialmente, você encontrará suas próprias necessidades atendidas. À medida que você se esquece de si mesmo servindo os outros, descobrirá que, sem tê-lo procurado, a taça da sua própria felicidade ficará repleta.”

“Viver só para si mesmo é a origem de todo sofrimento.” Paramahansa Yogananda – Onde Existe Luz (Self-Realization Fellowship, 1997) – Pág. 124

“Tudo o que partir de você voltará a você. Odeie e receberá ódio em troca. Quando se deixa invadir por emoções e pensamentos desarmoniosos, você está se destruindo. Por que odiar ou ter raiva de alguém? Ame seus inimigos. Por que arder no calor da ira? Se ficar com raiva, trate de superar esse estado imediatamente. Saia para uma caminhada, conte até dez ou quinze, ou desvie a mente para algo agradável. Abandone o desejo de represália. Quando você se encoleriza, o cérebro se superaquece, o coração tem problemas com as válvulas, todo o seu corpo se desvitaliza. Irradie paz e bondade, pois essa é a natureza da imagem de Deus dentro de você sua verdadeira natureza. Então, ninguém poderá perturbá-lo.” Paramahansa Yogananda – Onde Existe Luz (Self-Realization Fellowship, 1997) – Pág. 137

DALAI LAMA E HOWAR C. CUTLER

“…se nos flagrarmos sendo arrogantes, envaidecidos, com base nas nossas qualidades ou realizações supostas ou verdadeiras o antídoto consiste em pensar mais sobre nossos próprios problemas e sofrimento, numa contemplação dos aspectos insatisfatórios da existência. Isso irá nos ajudar a baixar o nível do nosso estado mental exaltado, trazendo-nos mais para o chão. Já, pelo contrário, se descobrirmos que refletir sobre a natureza decepcionante da existência, sobre o sofrimento, a dor e temas semelhantes, faz com que nos sintamos totalmente arrasados com tudo isso, aí também há o perigo de chegar ao outro extremo. Nesse caso, poderíamos ficar totalmente desanimados, indefesos e deprimidos, pensando que não conseguimos fazer nada, que não servimos para nada. Nessas circunstâncias é importante a capacidade de elevar nossa mente refletindo sobre nossas realizações, sobre o progresso que fizemos até o momento e sobre outras qualidades positivas de modo a poder melhorar a disposição e escapar daquele estado de espírito desanimado ou desmoralizado. Portanto, o que é necessário aqui é um tipo de enfoque muito equilibrado e hábil.” Dalai Lama e Howard C. Cutler – A Arte da Felicidade (Ed. Martins Fontes, SP, 2000) – Pág. 219

“Tomemos por exemplo a busca de bens materiais: moradia, mobília, vestuário e assim por diante. Por um lado, pode-se ver a pobreza como um tipo de extremo, e temos todo o direito de lutar para superá-la e para garantir nosso conforto físico. Por outro lado, o excesso de luxo, a busca exagerada da riqueza é outro extremo. Nosso objetivo final, ao procurar maior prosperidade, é uma sensação de satisfação, de felicidade. No entanto, a própria fundamentação da busca por mais é uma impressão de não ter o suficiente, um sentimento de insatisfação. Esse sentimento de insatisfação, de querer sempre mais e mais, não deriva da atração inerente que os objetos que buscamos exerceriam sobre nosso desejo; mas deriva, sim, do nosso estado mental.
É por isso que acredito que nossa tendência a chegar a extremos é muitas vezes nutrida por um sentimento latente de insatisfação.” Dalai Lama e Howard C. Cutler – A Arte da Felicidade (Ed. Martins Fontes, SP, 2000) – Pág. 221/222

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