O desapego e a evolução do ser

Paulo Nogueira

Quando nos tornamos adultos buscamos alcançar os recursos materiais e intelectuais que necessitamos para satisfazer as necessidades de sobrevivência, como moradia, alimentação, conforto e lazer, na medida das necessidades e do nível intelectual alcançado.

Daí podemos ir sofisticando, indefinidamente, tais recursos, já que a imaginação é inacabável e as possibilidades de criarmos opções são infinitas.

Em tal processo podemos avançar, tornando-nos cada vez mais ricos e renovados, e chegarmos aos limites de longa vida, assim, apaixonados pelas maravilhas da criação.

É bem verdade que, ao nos depararmos com a finitude da existência, podemos encontrar algum tédio ou sensação de vazio. Ficar com a ideia de que valeu somente enquanto as descobertas e conquistas foram motivadoras.

Se, no entanto, ao atingirmos níveis satisfatórios de recursos, dedicarmos esforços em fazer o que sabemos, com o objetivo maior de promover a compreensão e o encontro com os seres que nos cercam, buscarmos objetivos comuns, entender as necessidades alheias como também nossas, descobrimos, ao sermos úteis, alegria sem par.

A prática missionária do amor incondicional permite que nos apercebamos da transcendência da vida. É natural, é bela, preenche a mente e abre-se ao espírito, que vamos reassumindo até os limiares em que o mais fiel e necessário companheiro, o nosso corpo, vai exaurindo as próprias energias e, devagarinho, decompondo-se às origens.

As ensinanças sobre o desapego, em Cafh, buscam apenas nos colocar nos caminhos naturais de qualidade de vida e evitar que deixemos de aproveitar a existência, ímpar oportunidade de evolução do ser.

Ou como no simbolismo arcaico: “O Lago de Ixdoubar (o subconsciente), escuro, profundo e embevecido, estende-se aos pés do Viandante. Uma luz vermelha ilumina as águas: é o reflexo luminoso do manto carmesin de Anhunit (o amor puro). Ele leva o estandarte da Mãe sobre o barco de Hanou (o próprio corpo), conduzido pelo cisne de Tammuz (o espírito), e avança lentamente”.

Esta alegria passa a ser um modo de realização e vida que, aos poucos, vai nos remetendo ao hábito de praticar ação solidária até sem nos preocuparmos em conferir os próprios resultados desta.

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