Em busca de um método de vida

Em Busca de um Método de Vida

Desde meus 6 anos de idade que penso sobre o sentido de nossa existência. Para mim, uma vida humana tinha que ser algo a mais, algo que complementasse e ao mesmo tempo fosse uma coisa só, integrada a todas as outras coisas. Ao pensar sobre isso, imaginava o cosmo como algo imenso, infinito, e me via nele muito pequena, do tamanho de um grão de areia, por exemplo. Tal visão levava-me a me sentir parte de um todo que precisava estar interconectado, unido, inseparável.

Por anos a fio, esses pensamentos e sentimentos alimentaram a minha busca pelo autoconhecimento. Para mim, era muito importante compreender qual deveria ser a minha participação nesse todo maior e infinito, sendo uma unidade com personalidade, diferente na individuação, como um elo de uma imensa corrente, porém livre.

Assim os anos se passaram, e eu passando por eles, perseverando no propósito de desenvolvimento interior. Nessa minha peregrinação, bebi conhecimentos, alimentei-me com crenças, transpirei mudanças, mas, ainda assim, sentia-me a mesma. Não estava contente com o meu comportamento. Enquanto unidade de um todo, achava que não era coerente destacar-me dos outros, ser competitiva, querer prevalecer, permanecer autoritária e egoísta, exercitar a separatividade, ser autosuficiente, dentre outras práticas que não favoreciam a união, a harmonia, a compreensão e o amor ao próximo.

Então, perguntava-me, “o que está faltando para conhecer a mim mesma, para mergulhar no meu interior e despertar para uma nova dimensão de vida?” […] E, então, do nada, ocorreu-me que estava faltando método de vida!

Era método que estava faltando. Sobre o método, para alguns estudiosos, significa “conjunto dos meios dispostos convenientemente para chegar a um fim que se deseja; modo ordenado de proceder para se alcançar um resultado determinado; arranjo ordenado e sistemático; organização; regularidade; maneira de fazer as coisas” […] (Nascentes, 1988, p.415); ou “caminho para se atingir uma meta” (Houaiss; Villar, 2001, p.296).

Dentre outros conceitos, quem traduz o meu querer é Ramón Pascual Muñoz Soler (1977, p.77), ao afirmar que “o desenvolvimento da individualidade expansiva e participante e a conquista de sua liberdade interior, devem ser necessariamente realizados através de um método de vida.” Para Soler (1977, pp.79 e 80), método individual […] não é fazer o que a cada um apeteça, em base a uma presumida liberdade exterior, mas aquele meio mais adequado para alcançar a liberdade interior.

O importante é ser fiel ao método que se elegeu, observante das leis da comunidade a que se pertence e ter capacidade de renúncia.

Descoberto então o ponto para mutação, continuei trilhando caminhos em busca de método de vida. Tinha em mente que precisava de um caminho que me oferecesse elementos para o meu autoconhecimento, para conquistar a minha liberdade interior e para expansão de minha consciência sobre mim mesma e dos contextos. Era como se eu estivesse necessitando de algo em que me sentisse respeitada da forma que eu era, da minha condição humana, sem dogmas, nem concepções que me fizessem sentir culpada, nem que favorecessem mascarar elementos da minha personalidade corrente, ampliando assim as minhas dificuldades.

Enfim, precisava de um caminho que me oferecesse um método de vida balizado no amor incondicional. Essa minha sede foi e ainda está sendo saciada na fonte de sabedoria que Cafh, Caminho de Desenvolvimento Espiritual, oferece.

Em Cafh, senti meus pensamentos e sentimentos serem respaldados por meio de cursos como, por exemplo, “O Método”, ao ler que “a liberdade real consiste em ser o que se é: um ser humano, com uma infinidade de possibilidades” (CAFH, p.28). E dei-me conta de que “com a descoberta da vocação espiritual desperta o anseio de cumpri-la. Mas a alma necessita comprometer-se formalmente com sua vocação para poder sustentar e realizar seu anseio” (CAFH, p.40).

E assim, aos meus 46 anos de vida, só me resta brindar ao meu encontro com este método de vida.

Referências:

CAFH. Curso Método de Vida. São Paulo: CAFH, edição 2009. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Minidicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. NASCENTES, Antenor. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1988.

SOLER, Ramón Pascual Muñoz. Germes de futuro no homem, rumo a uma individualidade expansiva e participante. São Paulo: ECE Editora, 1977.

Francisca de Paula Santos da Silva é Professora-Pesquisadora, reside em Salvador, BA e é membro de Cafh desde 1992.

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