Alimento integral para o homem integral

Estamos num mundo fragmentado, com pessoas fragmentadas que se desconectaram das coisas simples da vida em todos os sentidos. O homem busca no consumo desenfreado a felicidade e o bem-estar, e quando essa fome não é preenchida, ele se torna refém da armadilha criada por ele mesmo: ele se esquece que a felicidade está nos verdadeiros sentimentos de amor e amizade.

Na alimentação acontece o mesmo: os alimentos integrais nutrem nosso corpo de forma plena; já os industrializados nos passam uma falsa sensação de saciedade.

A rápida elevação da glicemia causada pelo açúcar nos proporciona uma energia vazia que logo se esvai, tal qual se dá no consumo de bens materiais em que temos a necessidade de comprar mais e mais para nos sentirmos felizes de novo.

O consumo compulsivo produz uma falsa sensação de felicidade. Outra característica de nossos tempos é a rapidez. A tecnologia nos permite fazer as coisas cada vez mais rapidamente – só que em vez de sobrar tempo, parece que sempre falta mais.

Vamos ao supermercado, compramos uma comida congelada, colocamos no microondas e pronto! Em cinco minutos temos nosso jantar! Mas que jantar? Será que estamos nos alimentando de verdade? E será que estamos realmente economizando tempo? O que fazemos com o tempo que sobra? E sobra tempo?

O homem integral é aquele que olha para si mesmo e para o mundo em sua volta: faz escolhas baseadas em sua própria consciência e não reagindo como um robô programado pela mídia, pela moda, pelas tendências. Essas escolhas refletem sua consciência individual participando dos destinos da humanidade. Por isso, seu consumo é responsável, nos bens em geral e nos alimentos, em particular.

Nesse contexto, a alimentação, além de ser fonte de prazer e confraternização com os demais, é, sobretudo, a verdadeira fonte de saúde e bem-estar individual.

A seguir daremos algumas pequenas dicas que, aplicadas, dão resultados enormes e explicaremos uma regra básica para montarmos as 3 principais refeições do nosso dia a dia.

PEQUENAS DICAS

1. Capriche no café da manhã: aproveite que o corpo está de jejum há 12 horas para consumir as substâncias mais delicadas de nossa alimentação, as vitaminas. Coma pelo menos 3 frutas de cores diferentes, acompanhada de alguma castanha (do pará, de caju, amêndoas ou nozes) que vai fornecer gordura de boa qualidade para “carregar”as vitaminas liposolúveis. Se possível, escolha iogurte natural, feito em casa, pois esse contém lactobacilos vivos, que cuidam da flora intestinal e aumentam nossa imunidade. Acompanhe o iogurte com os famosos alimentos funcionais: aveia, linhaça, gergelim, extrato de soja, semente de girassol, etc. Use mel ou mascavo para adoçar. Açúcar branco faz muito mal para a saúde. Pesquise e verá.

2. Não coma frutas de sobremesa se quiser aproveitar as vitaminas delas. Com o estômago preenchido por carnes, carboidratos, etc., a fruta que cair lá dentro vai ter que esperar umas 2 horas ou mais para ser liberada e vai “ferver” lá dentro. As fibras ficam, mas as vitaminas…desaparecem! As frutas são boas para comer pela manhã, como expliquei acima, ou entre as principais refeições, quando o estômago está livre para liberá-las rapidamente.

3. Evite alimentos industrializados, processados, prontos porque além de você não saber exatamente o que está comendo, eles contém muitos produtos químicos que servem para conservar, dar cor, textura e sabor: são químicos extremamente vantajosos para as indústrias pois aumentam o rendimento, o paladar e a durabilidade mas quem paga a dupla conta é você, com seu dinheiro e saúde.

4. Escolha alimentos integrais: troque o arroz branco pelo integral, o pão branco pelo integral. Descubra a riqueza dos cereais integrais e dos grãos. Lentilha, grão de bico, feijão branco, feijão azuki, soja, etc. Essa troca faz uma diferença enorme.

5. Tente comer pelo menos 50% do volume de seus alimentos na forma crua: saladas e frutas.

COMO BALANCEAR AS 3 PRINCIPAIS REFEIÇÕES:

Para explicar o critério que vamos adotar para escolher o que colocar no prato, vamos usar uma forma didática de classificar os alimentos que ingerimos.

Dividimos os alimentos em 3 categorias: Alimentos Construtores, Alimentos Energéticos e Alimentos Reguladores.

Uma forma descomplicada de montar nossas 3 principais refeições sem errarmos muito é certificar-nos de que colocamos as 3 categorias de alimentos no prato, na proporção que o desenho nos indica:

Ou seja, quando formos montar nosso prato, reservamos metade dele para a salada, bem colorida (pois a cor expressa os complexos vitamínicos de cada alimento) e a outra metade dividimos de novo em duas partes iguais, onde colocamos os carboidratos (arroz, batatas e massas) numa das partes e as proteínas (feijões, carnes e laticínios) na outra parte.

Essa é apenas uma forma didática de “ver” os alimentos, já que os feijões, por exemplo, além de conterem proteínas, também contém carboidratos.

Dentro desse esquema saudável de dividir nosso prato, temos que cuidar de 3 detalhes:

1. Se não der para usar as verduras cruas, fazê-las ao vapor e servir tanto a salada como as verduras ao vapor com um fio de azeite extra virgem.

2. Escolher proteínas de boa qualidade, evitando carnes gordas. Peixe pelo menos uma vez por semana, mas não vale fritar. 3. Tentar trocar arroz branco pelo integral. Tem um tipo de arroz integral, chamado “cateto”, que é mais macio. O arroz integral, além de saudável, cura muitos males. Vale a pena insistir para se acostumar.

REGRA DE OURO:

• Se 80% de nossas escolhas forem saudáveis, podemos desfrutar de 20% de escolhas feitas apenas para agradar o paladar.

• Isso porque, com 80% da alimentação saudável, permitimos ao nosso corpo se preparar para eliminar de maneira eficiente os 20% de alimentos disfuncionais que ingerimos.

• Em linguagem infantil, podemos dizer que se consumirmos nossa cota de saúde (80%) temos o direito de consumir nossa “cota de porcarias” (20%).

A alimentação saudável não precisa ser uma radicalização: ela pode ser a união entre o conhecimento que adquirimos do que é bom e saudável e a vontade que temos de desfrutar uma refeição gostosa junto a familiares e amigos.

O QUE DIZ O MÉTODO DE CAFH

Não há, no método de Cafh, nenhuma proibição ou restrição em termos de alimentação. Cada um é livre para escolher o tipo de alimentação que deseja e julga mais adequado às suas condições e características (idade, peso, saúde, tipo de vida, gasto de energia etc). Mas, como em todos os outros aspectos da vida, o Método de Cafh recomenda equilíbrio e bom senso para a alimentação do dia-a-dia, ou seja:

• procurar alimentos saudáveis, legumes e frutas frescas; hortaliças da estação;

• prepará-los de modo a facilitar a digestão;

• não exagerar no sal nem nos condimentos;

• não tomar os alimentos demasiadamente quentes nem excessivamente gelados;

• não comer apressadamente, mas saborear os alimentos;

• evitar sair da mesa com a sensação de ter comido demais ou com o estômago pesado (melhor seria sair ainda com um pouco de fome);

• alimentar-se a intervalos regulares, sem excessos, fruindo os alimentos.

• nunca recusar o que nos é oferecido, quando a convite de terceiros para almoçar ou jantar.

Mais importante do que comer somente o que se aprecia é demonstrar consideração por quem nos convida e conhecer o que outras pessoas e culturas apreciam. A hora das refeições deve ser respeitada e o alimento reverenciado. É uma graça dispor de alimento farto em nossas mesas, enquanto milhões de pessoas padecem de fome e tantos chegam a morrer de inanição pelo mundo afora. O Método de Cafh recomenda também que se evitem temas de conversações conflitantes na hora das refeições, para que o momento de tomar o alimento seja tranquila e harmoniosa. Nos retiros espirituais, seus membros costumam acompanhar a refeição com uma leitura edificante realizada alternadamente pelos presentes à mesa, em rodízio, enquanto os demais mantêm- se em silêncio.

Daniella Dupont Zaffuto, empresária, São José dos Campos.

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