Editorial

Prezados leitores,

O tema desta edição é a “interdependência”. Um conceito que vem ganhando destaque, diante da complexidade crescente da sociedade em que vivemos neste século XXI, a dita era pós-industrial. Uma era em que o fenômeno da globalização e o da interação em redes desafiam as velhas hierarquias e outras estruturas sociais ultrapassadas, mas ainda vigentes.

É um conceito importante, também, porque as descobertas das ciências, a tecnologia e a própria evolução do ser humano vão tornando mais claro que todos e tudo estamos interligados e assim as nossas ações e as dos outros (e até os pensamentos, dirão algumas experiências da física quântica, rendendo-se ao que já proclamaram várias tradições espirituais) impactam-se em nossa vida e vice-versa.

Tudo está interligado e podemos constatar esta realidade a todo instante. Seja nas coisas aparentemente mais triviais, como por exemplo, o simples fato de se constatar, ao acordar, que se não há água para nossa higiene, houve alguma falha na nossa cadeia de interdependência; ou seja também, ao observar, em nosso ambiente de trabalho, a importância da relação de cooperação entre os colegas, os amigos, os responsáveis pela atividade a ser realizada. Certamente, podemos perceber que a consciência da interdependência implica mudanças comportamentais essenciais. A interdependência é uma das condições da existência ou da vida em nosso universo.

Entretanto, ao enfocar o aspecto psicológico do desenvolvimento humano, o artigo “Dependência, independência e interdependência” nos diz que somente quem é independente pode vir a ser interdependente. Isto é, apenas os seres humanos emocionalmente amadurecidos seriam capazes de vivenciar a teia das múltiplas relações existentes entre si mesmos e com o outro, com a natureza. E agir coerentemente com essa compreensão.

No momento em que o homem desbrava o cosmos e toma consciência de sua dimensão, reconhecer-se como parte de um todo, infinitamente maior, pode dar a medida necessária para que escolhamos viver em harmonia e cooperação consciente com todos e com tudo. E também para que sejamos gratos pelo dom da vida!

Parece que as comunicações com o entorno, a velocidade da informação, as conexões em tempo real nos dizem que nenhum homem, grupo ou país – mesmo uma ilha – pode mais se manter totalmente isolado, sem que sejam afetados tanto pelas ações dos outros quanto pelas manifestações da natureza.

O conhecimento de que a degradação da natureza, as mudanças no clima e no solo, a escassez da água, podem causar a destruição do planeta faz-nos refletir sobre a responsabilidade de nossas escolhas e sobre o futuro a que elas podem nos conduzir: a extinção da nossa espécie ou então dias melhores e mais fartos para a humanidade.

As descobertas da física quântica nos trazem para o mundo das partículas subatômicas, o mundo da incerteza e da estupefação ante a maravilha de um universo cujas leis ainda não tinham sido reveladas para a maioria dos estudiosos, mas já eram conhecidas por sábios de antigas tradições espirituais e religiosas. Assim, antigos escritos filosóficos e textos sagrados voltam a inspirar uma atenção mais reverente por parte de pesquisadores e cientistas intrigados com uma realidade que não conseguem explicar à luz da velha e boa razão cartesiana.

Uma percepção parece emergir desse novo contexto em que vivemos: todos somos responsáveis pelo que nos acontece e das nossas escolhas, as nossas e as dos demais, depende o futuro comum a todos nós e à Terra que nos abriga.

Nossa vida, amparada na doutrina de Cafh, a qual abraçamos – a Renúncia –pode ser fonte de compreensão e, ao mesmo tempo, exemplo de interdependência, conforme a mensagem que se extrai dos textos escritos por pessoas que vivem nas comunidades de Campos do Jordão e de Brasília.

Neste sentido, nunca é demais falar de um instrumento que faz parte do método de vida que Cafh nos propõe e que nos ajuda a fazer escolhas mais conscientes a cada dia: a meditação.

Que esta edição possa contribuir para expandir a consciência dos laços existentes entre nós e a realidade em que vivemos.

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