A mensagem de Cafh: novos estados de consciência

O homem, hoje, pergunta a si mesmo qual deve ser a sua atitude diante dos conflitos do mundo em que vive: adaptar-se ou reagir? Qualquer que seja a resposta poucas vezes é uma solução para os seus problemas interiores”, {modal url=”index.php/sobre-cafh/jorge-waxemberg”}Jorge Waxemberg{/modal}.

O homem atual quer aprofundar-se em seus problemas. Não se satisfaz com saídas superficiais, pois sente a necessidade de comprometer-se.

Porém esta necessidade se transforma em angústia quando se indaga como comprometer-se. Ele está chegando a duvidar da própria identidade e da autenticidade de suas atitudes, como se a sua adaptação ou rebeldia não lhe fossem próprias, mas produzidas por um meio que lhe absorve o ser e o dilui em uma série de reações automáticas.

Um dos problemas mais graves de nossa época consiste no fato de que o homem não conta com os meios adequados às necessidades de seu desenvolvimento. Na prática, o homem é formado – quando não, deformado – pelas circunstâncias que lhe cabe viver em seu meio.

Nós nos estamos manipulando uns aos outros: todos somos o meio.

Neste contexto, surge a seguinte questão: é lícito manipular o homem?

Quando manipulamos um homem, degradamo-lo, nós o negamos como ser, transformando-o em um objeto. Não há solução para os problemas que sofremos se ela se baseia na degradação do homem.

Proselitismo é fazer do homem um produto do qual a nossa causa – pessoal, social, econômica, ideológica, religiosa – possa alimentar-se.

Quando se fala do homem, pensa-se no homem genérico e não em um homem. Quando se diz que um homem é igual ao outro, pensa-se que um homem é o mesmo que outro. Porém cada homem é um homem. A humanidade é um todo, porém cada homem é um indivíduo, com um estado de consciência.

Quando o homem se identifica positivamente com o meio, seu estado de consciência está determinado por esse meio. Neste caso, a sua noção de ser depende de características – históricas, sociais, culturais, biológicas – do meio em que vive.

Porém nem a cultura, nem o credo, nem a nacionalidade, nem a raça são bases suficientes para determinar o estado de consciência real de um homem.

É certo que todas essas características têm importância, já que as sucessivas mudanças do meio, normalmente, provocam outras correlatas no homem.

Assim podemos pensar que o homem, quando vive em um meio mais desenvolvido, está em melhores condições para desenvolver as suas possibilidades. Mas, enquanto ele se identificar, positivamente, com o meio, seu estado de consciência será uma função desse meio. Então as mudanças deste meio o afetarão apenas superficialmente.

Se bem que o desenvolvimento do meio possa favorecer a predisposição para uma transformação do estado de consciência, não altera necessariamente a sua natureza. Quando o homem, porém, transcende o que chamamos de identificação positiva, produz-se uma transformação em seu estado de consciência.

É importante saber que para conhecer o próprio estado de consciência, deve-se reconhecer que se tem um estado de consciência que é temporário e limitado.

A primeira coisa que alguém deve fazer, portanto, é reconhecer o próprio estado de consciência. Esse reconhecimento é a base fundamental que, ao mesmo tempo em que é seu ponto de partida, lhe indica a direção do desenvolvimento a seguir.

Todas as pessoas (a quem também denominamos almas) querem desenvolver-se, porém nem sempre podem fazê-lo, porque não sabem, com clareza, o que isto significa. Não compreenderam que desenvolver-se espiritualmente é expandir o estado de consciência.

Estados de Consciência

Cada homem tem um estado de consciência. Mas, se pretendêssemos dividir os homens segundo seus estados de consciência, chegaríamos a classificações arbitrárias. Quem pode determinar o estado de consciência de um homem?

Ademais, seu estado de consciência não é homogêneo. Em um momento de sua vida, o ser humano se expressa de tal maneira que permite supor que tem um estado de consciência; em outro momento o faz segundo as características de um estado de consciência diferente.

O mundo interior do ser também é aparentemente contraditório: nele se manifestam simultaneamente tendências diversas, às vezes, opostas, que podem fazer pensar que nele haja diversos estados de consciência ao mesmo tempo.

A “alma” é, em nossa acepção, um composto: mente e coração, razão e paixão. Vozes instintivas e chamados espirituais são as forças que estão na alma, lutando por predominar, e nem sempre permitem uma visão clara do que seja realmente.

Não obstante, é possível traçar algumas linhas gerais que ajudam a explicar didaticamente certas etapas do desenvolvimento espiritual do ser. A estas etapas também denominamos estados de consciência.

Chamamos de estado de consciência positivo, aperfeiçoa-se a vontade, desenvolve-se a mente racional e estrutura-se a vida dentro do sistema de pares de opostos.

No estado de consciência positivo, o homem percorreu um longo caminho. No princípio, a sua vida é só uma expressão do instinto de conservação. Viver é perdurar.

O instinto de conservação é, no homem, a manifestação da vontade da natureza. Sua vontade, então, é a vontade da natureza. Amar é obedecer a essa vontade. Sua consciência de ser é apenas incipiente, assentando-se nas expressões comuns à espécie: o ser humano é como espécie. Para perdurar, porém, necessita defender-se. A defesa marca, tenuemente, esse “algo” que defende.

O sentido da defesa arraiga profundamente o homem em sua personalidade: ele não quer morrer. Como não pode evitar a morte, prolonga a sua vida, arraigando-se à posteridade através da vida de seus filhos, como um modo de se projetar para além da morte.

O homem quer escapar do cárcere do tempo, porém este anseio de liberdade é um modo de desejar liberar-se de sua personalidade adquirida. Isto porque a personalidade não é unicamente a limitação em um eu, é a limitação num tempo determinado, enquanto dure a vida física do eu.

O desejo de liberar-se marca o começo da expansão do estado de consciência. Descobrir o outro é aperfeiçoar o amor. Quando se descobre o semelhante, nasce a caridade, que é a capacidade de sacrificar-se pelos semelhantes.

Assim o homem sofre e trabalha para o seu semelhante.

Porém a ideia de semelhante implica a de diferente, assim, da mesma forma como protege o amigo, o homem ataca e destrói o inimigo.

Ao determinar-se em um eu, o ser humano determinou a sua visão da vida, dentro de um sistema de pares de opostos: ele e os demais; os semelhantes e os diferentes. Sua caridade é o movimento incipiente do amor expansivo, mas ainda não consegue compreender a todos como seus semelhantes.

Sua consciência se expandiu, mas não cobre mais que uma existência vista através da visão dualista, na qual o bem e o mal se encarnam em um mundo de “bons” e de “maus”. Não pode conceber a compaixão senão para os bons e a sua concepção de Deus é a do Deus dos Exércitos que protege os bons, entre os quais ele se inclui, e destrói os maus.

Em resumo, o estado de consciência positivo permitiu ao homem se fazer dono do mundo, da natureza, do espaço. Mas também aperfeiçoou a sua capacidade de destruir. Deu ao homem asas materiais, mas não lhe ensinou a voar interiormente.

Pode escapar do mundo terrestre e sulcar o cosmos com suas naves espaciais, mas ao pode transcender sua angústia, seus problemas interiores, nem achar a saída do círculo vicioso dos problemas criados por seu próprio progresso.

Mas o amor é como uma flor que, quando começa a abrir-se, vai expandindo-se até mostrar toda a sua beleza e exalar todo o seu perfume. O amor é a porta que leva o ser a transcender o estado de consciência positivo.

Para saber mais sobre o tema, ver a resenha do livro “{modal url=”https://www.cafh.org/templates/atomic/images/Publicaciones/PDF-ensenanzas-cursos/portugues/DA%20MISTICA%20E%20DOS%20ESTADOS%20DE%20CONSCIENCIA%20(Edicao%202014).pdf”}Da Mística e dos Estados de Consciência{/modal}”, na página 34, e consultar a relação de obras do autor, no final da revista, editadas o Brasil pela ECE .

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