Breves ensinamentos de Santiago Bovisio

Extratos de conferencia proferida pelo Sr. {modal url=”index.php/sobre-cafh/don-santiago-bovisio”}Santiago Bovísio{/modal} na cidade de Rosário, na Argentina, e publicados no jornal “A Capital”, em 8 de outubro de 1939.

Muitas pessoas encontram grande dificuldade para adaptar uma agitada rotina diária à sua vocação de vida espiritual.

Tais dificuldades são lógicas e naturais porque cada ser humano possui um temperamento individual, inclinações, desejos e aspirações pessoais.

Adotar uma norma rígida não é mais do que impor uma limitação de resultados exteriores ao homem, mas que deixam a desejar em termos de frutos interiores.

O melhor modo de viver espiritualmente – espiritualizar a vida diária – é ampliar as próprias boas características e tendências. Não imitar procedimentos e métodos alheios de vida. Cultivar a si mesmos, buscar-se interiormente, autoconhecer-se.

De acordo com Santiago Bovísio há três tipos de seres humanos: o emotivo, o analítico e o idealista.

Estudando cada um destes tipos de personalidade, concluiu que o emotivo pode chegar ao apogeu do desenvolvimento espiritual pela amplificação de sua emotividade, citando exemplos de santos que, a despeito da rigidez da disciplina do claustro e da austeridade de suas vidas, transbordaram sua emotividade em obras eternamente admiráveis.

O analítico também pode alcançar um grande desenvolvimento quando, concentrado no estudo de um princípio, de uma hipótese, empenha todos os recursos mentais e sua razão neste esforço até chegar à universalização de tal princípio, sua aplicação final.

Se o emotivo pretendesse imitar o analítico, jamais alcançaria tais resultados pois teria de abandonar seus próprio meios, sua força interior inata para optar por outra de que não dispõe.

O idealista, por outro lado, é o tipo equilibrado. É aquele que, dono de uma extraordinária emotividade consegue guiá-la pela razão.

Pertencem a este tipo os seres humanos superiores, não muito numerosos na humanidade.

Escritos breves de Dom Santiago

Viver ignorados!

Palavras tão pouco conhecidas e de tanto valor. Todos buscam freneticamente o êxito, a publicidade, fazer-se notar, e só encontram um abismo de desilusões.

Quanta tristeza e amargura estão escritas (para os que sabem ver) no rosto dos que alcançaram notoriedade!

Viver ignorados, refugiar-se na Divina Mãe.

Aprendi esta lição faz muitos anos, sentado em um banco de praça. Isto mesmo, em um banco de praça. Eu havia perdido tudo: o trabalho de muitos anos, o esforço da juventude, a obra espiritual do meu coração. Um fracasso total e completo.

Sentei-me, nessa tarde de 2 de novembro de 1934, em um banco, na praça Lezica, em Buenos Aires. Sentia-me só, cada vez mais só… a solidão penetrando o meu ser como uma corrente de ar que afasta a recordação de tudo.

Pouco a pouco, nessa solidão e vazio absolutos, a Divina Mãe foi surgindo em minh’alma. Ela era o todo: passado e futuro, os mundos e os homens. Tudo. Foi-se ampliando cada vez mais, até que preencheu todo meu ser. Compreendi, então, que nada estava perdido, e sim, que havia alcançado o mais precioso dos dons: minha união com Ela.

“Se não és capaz de compreender e sustentar o pensamento, senta e te mantém firme com o sentimento.

Se não podes penetrar diretamente na Sabedoria pela mente, chega a ela pela porta do coração”. (Embalse, 29 de dezembro de 1946)

…………

“Basta somente trajar uma vestimenta sagrada (estar dentro de uma corrente de força) para estar sujeito a um determinado influxo e poder transformar-se totalmente.

Então, penso que é verdade que ao hábito faz o monge, é um poderoso contato com a virtude.”(Embalse, 5 de janeiro de 1947)

É necessário voltar à vida interior, à oração, ao místico subterrâneo onde estão guardados os Tesouros da Bendita Senhora.

A ação exterior, para ser eficaz, tem que ser rápida, exata, categórica. Não há que se gastar muito tempo com ela e, sim, voltar ao retiro da meditação e da vida interior.

Mas velhos hábitos mentais são como prisioneiros que, uma vez liberados, preferem retornar às celas e se atar às suas correntes. É árdua a luta para suplantá-los com o hábito mental único e verdadeiramente indispensável, o da concentração e União Divina.”

(Rosário, 2 de março de 1947)

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