Da Mística e dos Estados de Consciência 

Segundo Jorge Waxemberg, o homem, como ser individual, é parte integrante de um grande grupo a que chamamos humanidade e se diferencia de outros seres pelo modo como se relaciona com o seu meio. Seu estado de consciência é determinado por este meio. Quando o homem se identifica positivamente com o meio, existe uma predisposição para que seu estado de consciência se transforme em função deste. Mas quando o ser humano consegue transcender esta identificação positiva, então se produz uma verdadeira transformação em seu estado de consciência.

Inicialmente, na visão do autor, é necessário reconhecer a existência de um estado de consciência individual, que é temporário e limitado. A partir desse pressuposto, o ser humano pode dar início à expansão da sua própria consciência e, com a gradativa expansão, começar o seu processo de desenvolvimento espiritual.

O estado de consciência, para Jorgr Waxemberg, não é uma situação estanque e homogênea , nem é igual para todos os homens. Depende do momento, da etapa da vida em que o ser encontra, tendo em vista as suas necessidade, o seu desejo de liberar-se e a sua capacidade de amar.

Percebe-se que cada estado de consciência determina uma visão particular da vida, do mundo e também de Deus. O homem se expressa, segundo o estado em que sua consciência se encontra, em cada momento de sua vida. E a única maneira de o ser humano evoluir, isto é, expandir seu estado de consciência, sair de um estado para outro mais amplo, ou mais expandido, ou mesmo mais elevado, é trabalhando sobre si mesmo, em seu mundo interior.

A expansão do estado de consciência se faz através de exercícios e da busca de conhecimentos. Mas esta expansão só se realiza quando se usa tais exercícios para aprender a viver, a conhecer-se, a amar, a despertar e a desenvolver a consciência e, finalmente, transformar-se.

Isto significa que a alma, entendida aqui como “ser”, pode transformar-se continuamente, em um processo dinâmico, ao renunciar ao uso pessoal dos frutos de seu crescimento interior.

O autor nos diz que ao longo desse árduo e incessante trabalho, o homem necessita de uma direção, uma orientação espiritual, pois, sem ela, torna-se quase impossível o desenvolvimento da alma.

Segundo Jorge Waxemberg, existe muita confusão entre direção espiritual e doutrinação. Pode-se estudar teorias psicológicas, ensinar a resolver problemas de convivência, curar a angústia d e uma alma, mas, para se dirigir almas, isto é, seres, não basta estudar.

A base da direção espiritual é o amor, e este não se aprende nos livros. Mas o Diretor Espiritual pode ensinar a aperfeiçoar e a purificar o amor, através da compreensão espiritual, da participação. Às vezes, nem é necessária à troca de palavras, apenas o silêncio é suficiente para que o ensinamento seja transmitido.

A alma aprende a não buscar logro pessoal, mas desenvolver-se através da expansão e do aperfeiçoamento de sua responsabilidade para consigo mesma, com o outro e com o meio – exterior e interior.

A isto damos o nome de Participação.

Em essência, o Diretor Espiritual ensina que “cada alma precisa descobrir sua vocação e que, para realizá-la, deve nela perseverar até o fim […], que no caminho do desenvolvimento espiritual não há atalhos suaves, que sem um esforço constante não há conquistas reais e que, finalmente, o bem espiritual se alcança através de renúncias, paciência e perseverança.”

Ao trilhar este caminho, o ser vai adquirindo liberdade interior, desenvolvendo-se interiormente, através do aprendizado de como controlar os seus pensamentos e os seus sentimentos.

Jorge Waxemberg faz uma reflexão sobre as virtudes, particularmente as virtudes negativas, as quais não são vistas apenas como ações, mas estados da alma que se expressam em ações. E, muito mais do que esforços ascéticos, as virtudes negativas são estados místicos.

É uma reflexão importante porque a Mística da Renúncia, um dos pilares do Caminho de desenvolvimento interior, baseia-se mais na prática das chamadas virtudes negativas, que exigem uma doação interior, do que na prática de virtudes positivas, que requerem um esforço ativo da alma.

O primeiro passo daquele que deseja percorrer o caminho da Mística da Renúncia é esquecer-se de si mesmo, um fato que se dá espontaneamente, quando a atitude interior negativa se torna um estado permanente da alma.

Por essa atitude negativa, a alma não se identifica mais com o seu “fazer” e sim com o seu “ser”. Sua consciência de ser se assenta em um nível mais profundo, onde a sucessão de pensamentos e sentimentos já não perturba mais a sua paz, nem lhe altera sua vida interior. Ali, a alma adquire equilíbrio e sabedoria.

O livro “{modal url=”https://www.cafh.org/templates/atomic/images/Publicaciones/PDF-ensenanzas-cursos/portugues/DA%20MISTICA%20E%20DOS%20ESTADOS%20DE%20CONSCIENCIA%20(Edicao%202014).pdf”}Da Mística e dos Estados de Consciência{/modal}”, de {modal url=”index.php/sobre-cafh/jorge-waxemberg”}Jorge Waxemberg{/modal}, publicado no Brasil pela ECE – Editora Cultura Espiritual, aborda vários temas importantes relacionados à vida espiritual.

Cristina Woolf, Tradutora, Rio de Janeiro.

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