Ferramenta para alcançar novos estados de consciência

Um dos objetivos do exercício de meditação é levar-nos ao estado meditativo, isto é, a um estado de consciência mais profundo do que o habitual.

Para alcançar este fim, é necessário que pratiquemos os exercícios de meditação, com a técnica adequada, com toda sinceridade e abertura, a respeito de seus conteúdos. Técnica e conteúdo são elementos indispensáveis para que o exercício produza os efeitos esperados.

No entanto, nem sempre praticamos o exercício de meditação, escrupulosamente, com atenção. Algumas vezes, descuidamos da técnica, outras, insistimos excessivamente em meditar de uma maneira determinada e julgamos inadequadas as que não se ajustam a nosso padrão. Também costuma ocorrer que, em nossa rotina fatigante, nos custe conectar-nos com aspectos mais íntimos e profundos de nossa vida, fazendo com que o conteúdo de nossos exercícios se afaste cada vez mais de nossa realidade. O que fazer para precaver-nos desses possíveis erros?

Por um lado, deixemos que nossa alma se expresse com nossa própria voz, usando as nossas palavras, conceitos e sentimentos, sem justificações nem enganos. Por outro, atenhamo-nos, estritamente, à técnica e à simbologia para poder penetrar naqueles aspectos de nossa alma, habitualmente não explorados.

Uma vez que tenhamos aprendido os rudimentos do exercício (razão pela qual nós praticamos o exercício da meditação em nossas reuniões) é bom dirigir nossa atenção para ajustar-nos ao tema escolhido, sem divagar nem fazer discursos supérfluos. Além disso, prestamos especial atenção para não repetir a nós mesmos, detendo-nos, recorrentemente, em um mesmo enfoque ou em uma mesma problemática. Dizemos isso porque, uma vez vencidas as primeiras dificuldades do exercício, ocorre de nos sentirmos mais à vontade repetindo o que já nos deu um certo resultado. Esta atitude produz exercícios ineficientes que não respondem às nossas necessidades e vivências atuais.

Temos que praticar os exercícios de forma renovada. Isso, contudo, não nos indica que temos que fazê-lo de forma arbitrária ou buscar novos tipos de exercícios. Ensina-nos que necessitamos nos aprofundar no domínio da técnica e em nossa sinceridade a respeito do conteúdo dos exercícios.

Renovar é dar nova energia a algo, viver, crescer, adequar-nos ao devenir de forma ativa para produzir o desenvolvimento gradual de nossas almas. Se sempre fizermos o mesmo, não receberemos o alimento de que necessitamos em cada etapa do desenvolvimento, porque, queiramos ou não, nós também vamos mudando com o tempo.

O repetitivo, o estático, não pode nos dar uma resposta adequada às necessidades do momento atual. Se nossos exercícios de meditação deixarão de manifestar a voz de nossa alma e nosso desenvolvimento se ressentiria disso.

É importante para a técnica do exercício que não nos percamos em considerações e argumentos. Depois de uma invocação simples, dentro do tema que escolhemos, assentamo-nos em orações concisas e imagens simples, e prosseguimos, segundo o exercício que estamos realizando.

A repetição sonora, com cadências adequadas de palavras ou frases, ajuda a concentração e afugenta a verborragia. Podemos treinar para expressar-nos com frases curtas, bem construídas, que expressem uma ideia com clareza e precisão.

Centramos o exercício de meditação em uma só ideia, claramente demarcada em um tema. Se desenvolvêssemos mais de uma ideia, ser-nos-ia difícil manter a atenção. A complexidade do conteúdo nos levaria a discursos que são mais apropriados para os momentos de reflexão do que para os de meditação.

Há exercícios mentais, por exemplo, o exercício de recitar orações estabelecidas, que são fáceis de praticar mecanicamente, porque não requerem uma atenção consciente contínua.

Quando aprendemos uma oração é necessário prestar atenção. Mas quando já sabemos a oração, podemos repeti-la de forma automática e a nossa mente pode realizar outras atividades paralelas.

Quando temos dificuldades de efetuar o exercício, às vezes, pensamos que a solução é que nos digam como devemos começa-lo, o que devemos dizer depois, em cada passo, que conteúdos escolher… enfim, esperamos uma descrição detalhada de um “exercício de meditação modelo” para poder repeti-lo.

Esquecemos que cada um de nós tem uma relação com a força criadora que é única, inimitável. Em nossa meditação expressamos essa relação, a cada dia, aprofundando-a, através do tempo.

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