Gandhi: do Instinto à Egoência

Gandhi: do instinto à egoência

Você sabe quem foi Gandhi?

Provavelmente sim. Foi o líder indiano que libertou a Índia e o Paquistão do poder colonial britânico. Foi quem enfrentou a discriminação na África do Sul, lutando durante 20 anos para superar essa praga social. Foi o Mahatma (Grande Alma), mostrando um caminho de esperança e de paz em momentos que a humanidade dilacerava-se em guerra e desavenças. E é provável que você saiba de muitas outras coisas do homem que, no momento de morrer, em 1948, levou Einstein a dizer: “Futuras gerações dificilmente acreditarão eu tenha passado sobre a face da Terra, em carne e osso, um homem como Gandhi”.

Porém, se bem que por tudo isso mereça o nosso respeito, agradecimento e admiração, não é por isso que o trazemos aqui: a nossa intenção é colocá-lo como um exemplo didático da realização vocacional.

Nós o convidamos a dar-nos o seu exemplo didático da realização vocacional do homem. Convidâmo-lo também a dar-nos o seu exemplo de ser humano…sim, de SER HUMANO!

E é válida a escolha porque na sua infância foi como nós; na sua juventude teve os mesmo anseios e dificuldades que nós, e porque, na medida em que ia amadurecendo como homem, ia realizando em si mesmo a vocação que todos temos: a de fazer de nós mesmos o máximo. Na medida de meu limitado julgamento, acredito que ele fez de si mesmo “o máximo”.

Gandhi menino foi caprichoso, inseguro, ciumento; Gandhi adolescente foi passional, violento, mentiu e enganou a seus próprios pais; Gandhi, no momento de sua morte, era o ser mais controlado, amoroso, veraz, seguro e pacífico do mundo.

Um grande líder espiritual disse que, depois do Cristo, ninguém que tenha chegado até nós atingiu tamanha estatura. E ele nos serve de ponto de partida para expressar um moderno modelo espiritual que, todavia, não pretende opor-se aos clássicos, que colocam o homem como um ser pecador (que necessita de redenção ou salvação) ou ainda, carente do amor de Deus, devendo anular em si mesmo as raízes da vida para ganhar esse amor (ou mesmo completá-lo).

Nosso modelo é muito simples: achamos que tudo está certo, que nada está errado dentro do plano da criação; só devemos fazer a nossa parte para entrar em seu fluxo, e fazer de nós mesmos a razão para a nossa existência. Para isso, contamos com algo maravilhoso, único: nós mesmos.

Contamos com as infinitas possibilidades de desenvolvimento de nosso ser; contamos como exemplo de seres como Gandhi, Jesus, Madre Teresa, Buda etc que nos mostram o caminho; contamos com a força  poderosa de nosso instinto que, usado com discernimento e vontade, pode nos levar a transcendê-lo; contamos com os nosso instintos toscos, animais, às vezes grotescos, porém, a matéria prima com que conquistaremos todas as virtudes e todas as qualidades que abrirão as portas de nossos sucessivos estados de consciência; contamos com o que nascemos, com o que somos e com o que sonhamos ser.

Eis, então, um espaço que ocuparemos para trabalhar com este modelo em cada uma das características humanas que são compartilhadas entre nós, seres humanos.

Enrique Sevilha. Vive em comunidades de Cafh desde 1963 e na comunidade de Brasília desde 1976.

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