Re-localização do ser humano em sua dimensão universal

O que de fato define a qualidade da nossa relação com a tecnologia é a descoberta de que, apesar de todas as facilidades que ela traz, é necessário considerar o universo de possibilidades que o homem precisa descobrir a respeito de si mesmo. Necessitamos ter liberdade conceitual e emocional para captar o futuro e arraigá-lo num novo molde humano.  

De acordo com os ensinamentos de Cafh, para se adaptar a esse processo inexorável de desenvolvimento, é preciso evitar moldes prefixados, estabelecidos pelo hábito, pela formação, pelo preconceito da própria limitação. Em outras palavras, é preciso estarmos abertos para o futuro.

O mundo do ser humano é um mundo integrado, é uma realidade material, mental e transcendente. E essa integração não depende de um ato de fé, mas de uma expansão da experiência a todos os planos, em todos os âmbitos da consciência. Esta experiência se realiza com a expansão da maneira de perceber e de compreender.  

Quanto menor é o conhecimento de nós mesmos, mais nos identificamos com as correntes e as modalidades do momento, e nos encerramos nelas como se fossem únicas, verdadeiras e definitivas. É assim que nos identificamos com um corpo de costumes que depende de onde estamos no tempo e no espaço (no tempo, pelo período histórico que nos compete viver; no espaço, pela sociedade e cultura a que pertencemos).

Todavia, ao longo de nosso desenvolvimento, vamos tomando consciência da trama de relações que une tudo e todos. Com ela, passamos da nossa noção de ser independente e isolado à de ser-em-participação, de ser-em-tudo.  

Santiago Bovisio, fundador de CAfh, exorta a nos orientarmos sempre para uma expansão universal, desde os problemas individuais até a nossa localização na vida, pois a localização harmônica no mundo e no universo está condicionada ao âmbito real onde o ser humano desenvolve sua consciência habitual, e onde projeta sua problemática e seu destino. 

Porém, adverte o mestre, essa tomada de consciência total, essa re-localização do ser humano em sua dimensão integral, humano-divina, não se consegue somente com leituras ou meditações, mas, sobretudo, com atos transformantes, atos que forcem a pequena consciência acorrentada ao acontecer pessoal mesquinho a transcender seu círculo limitado e egoísta. O acontecer particular deve ser continuamente localizado no acontecer humano, integrado ao âmbito da humanidade. 

Quando renunciamos às ilusões com que temos vivido, seja sobre a noção que temos de nós mesmos ou da condição tecnológica que dispomos no momento, a vida tem outra linguagem para nós. Descobrimos a humanidade, a sociedade e o mundo dentro de nós mesmos.  

A vida muda substancialmente quando aceitamos seu desafio, o que torna nosso destino inimaginável. Tudo é possível: tudo está ao alcance das possibilidades do ser humano que se faz apto para transcender. O progresso das ciências e da técnica, e a realização da mística individual, geram as possibilidades para alcançarmos essa dimensão expansiva. 

 Não é o universo que deve se adaptar ao ser humano, mas este é quem deve tornar sua dimensão real, universal. 

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