O uso saudável da tecnologia depende do nosso grau de consciência.

O uso saudável da tecnologia depende do nosso grau de consciência.

Para Ana Cristina Flor, diretora espiritual de Cafh, a presença onipotente do smartphone em nossas vidas indica o nível de liberdade e responsabilidade com que nos valemos dos recursos à nossa disposição.

RC – As consequências do uso “descompromissado” do smartphone é como oferecer pronto um vasto questionário psicológico, preenchido constantemente, consciente e inconscientemente. Assim seriam nossas pegadas no mundo (nossos pensamentos, atos e sentimentos)? Como usar com liberdade e responsabilidade as tecnologias que estão ao nosso dispor?

ACF – O uso do smartphone, um artigo do qual é difícil prescindir, me parece um excelente termômetro dessa consciência: com que frequência o olhamos e‘por quanto tempo podemos ficar desligados? Como podemos usá-lo como um recurso valioso e não como algo que nos aliena? Quanto somos dependentes dele ou quanto somos seus donos? Podemos curtir os familiares e a nossa privacidade sem ficar presos ao som das mensagens e alertas? O quanto podemos usar o nosso espaço relacional, a nossa intimidade sem a sua presença onipotente seria um bom indicador do nível de autonomia que temos de quanta liberdade e responsabilidade nos valemos no uso dos recursos a nossa disposição.Não há mais como viver sem a tecnologia. Mas, sim, saber como, quando e para quê a uso. O que não seria favorável é que não tenhamos consciência de nossa dependência. Enfim, não há como suprimir a tecnologia, o tema passa pelo nosso grau de consciência. Isso é o que me permitirá o uso saudável.

RC – A senhora é a diretora de um caminho espiritual com origens que remetem ao Antigo Egito, passando influência dessa sabedoria sobre as escolas iniciáticas e filosóficas gregas, na inserção desse saber na cultura judaico-cristã e no trabalho das Ordens Secretas. Ao longo dos séculos, estas Ordens conservaram e transmitiram o conhecimento dos antigos e os saberes revelados a seres com grande desenvolvimento espiritual. Como Cafh utiliza (ou pode utilizar) as tecnologias da comunicação para disseminar sua doutrina?

ACF – Nosso fundador, Santiago Bovísio, já em 1960 anunciava que a ensinança de Cafh iria estar presente na imprensa mundial, no cinema, em todos os aparatos eletrônicos, nas telas de TV. Isso nos dá ideia da amplitude com que ele via a tecnologia. Ele já intuía que a tecnologia viria a ser um veículo para difundir a ensinança de Cafh, esse conhecimento que aponta para as mais elevadas possibilidades do ser humano, as mais excelsas. Hoje, a Internet é um espaço infinito de conhecimento.Como não aproveitar esse gigantesco depósito de conhecimento que é a Internet e utilizá-la para divulgar a riqueza de nosso conhecimento, da nossa tradição, uma riqueza atualizada pela vivência diária de cada um dos membros de Cafh, pautada na prática do nosso Método de Vida?Nós mesmos já estamos fazendo uso disso, na web, nos nossos sítios, através de um aplicativo. E podemos aproveitar muito bem essa oportunidade de não só disseminar nosso conhecimento, mas uma forma de estar a serviço da humanidade, brindando as pessoas com a possibilidade de participar do nosso método, oferecendo ferramentas práticas de trabalho espiritual a qualquer um que assim o queira.

RC – A pandemia do novo coronavírus provocou um momento inédito na vida de muitos de nós, que foi viver o isolamento social. A internet se mostrou fundamental para conectar pessoas, manter o trabalho ativo e fornecer arte e cultura para os usuários. Entretanto, nunca foi tão grande o número de pessoas com ansiedade e depressão por não se enquadrar no padrão “digital de ser”. Como evitar cair no abismo da vida arquetípica dos avatares, na superficialidade das redes digitais, no desejo desesperado de estar sempre a par de tudo, 24 horas conectado?

ACF- A pandemia põe em evidência a necessidade que temos uns dos outros como seres humanos, seres gregários, de estarmos face a face com os demais. Somos seres sociais, cooperativos, que dependemos dessa interação com o entorno. A situação sem a tecnologia teria sido talvez muito pior. A contribuição da tecnologia foi mais positiva do que negativa a meu ver. A parte mais delicada é a das crianças e adolescentes que ainda não desenvolveram a capacidade de discernir critérios próprios, e que constitui um desafio imenso para os pais. O ponto mais crítico me parece é esse, um desafio enorme.

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