Pela busca do estado meditativo nas tradições orientais

Pela busca do estado meditativo nas tradições orientais

A tradição da meditação oriental, como outras tradições, são, de fato, inegavelmente fabulosas, e sua história está profundamente mergulhada na origem humana.  É interessante, porém, pensar que as técnicas de meditação orientais se tornaram mais conhecidas no Ocidente do que as originárias do próprio hemisfério ocidental. Como isso se deu? 

Há indícios de que a meditação no Oriente, ao menos na Índia, remonta até 3.000 a.C., pelo que indicam algumas gravuras e desenhos da época, nas quais se identificam pessoas em postura e atitude similar às de meditação (JOHNSON, 1990). 

Já em 1500 a.C., aproximadamente, a meditação védica era mencionada em textos de yoga e dos hindus antigos. A tradição de meditação védica já era antiga quando, em 600 a.C., aproximadamente, o budismo começa a se desenvolver e realizar uma nova etapa na busca pelo estado meditativo. Não se pode pretender definir uma meditação profunda como a budista, nestas poucas linhas. Mas, para os fins deste estudo, nos basta resumir, ainda que didaticamente, que a meditação budista, que dispõe de muitas técnicas e tradições, em geral, caminha na direção de desenvolver no praticante a atenção plena e a concentração, práticas que poderão acelerar aquele que tem a intenção de atingir a iluminação. O foco é o desenvolvimento budista (WYNNE, 2007).

No Oriente, além da profunda experiência da Índia, tivemos o desenvolvimento das tradições da China e do Japão, das quais destacamos o Taoismo e o Confucionismo. 

A meditação taoísta, baseada na quietude e no silêncio, trabalha o despertar gradual do sagrado que existe no ser humano, para, através dele, chegar à união com o sagrado do céu. Mesmo considerando a característica e a mística do TAO próprias desta escola, pensamos haver uma certa similitude com as meditações da Índia, já que é através da quietude que se pretende atingir a iluminação. Também aqui o foco está no budismo (SOCIEDADE TAOISTA DO BRASIL, 2021). 

Sobre as meditações orientais, Enrique Sevilla (2020) analisa muito propriamente que, de uma forma geral, giram em torno do não ser. Elas buscam, de alguma forma, anular, calar, minimizar ou ir além da mente, procurando um estado onde a mente não influencie.

Por motivos que acreditamos sejam mesmo consequência de sua história, o Ocidente acabou difundindo pouco, ao que parece, nos últimos dois ou três séculos, suas próprias tradições e técnicas de meditação. Pensamos que o foco no desenvolvimento da ciência, o enfoque nas epistemologias científicas – que cresceram na mesma medida do capitalismo ocidental –, acabou por diminuir a difusão das técnicas de meditação. De maneira que, a partir de meados do século XX, as tradições orientais tomaram força no Ocidente e, por isso, podemos ver, como consequência desse fato, que os interessados em meditação no Ocidente, hoje, desconsideram as escolas ocidentais de meditação, e apontam tal prática como se fossem exclusivamente hindu, budista ou taoista, enfim, Oriental. 

HOHNSON, Williard. Do Xamanismo à Ciência: Uma história da meditação. São Paulo: Cultrix, 1990.

SEVILLA, Enrique. Meditação, uma prática insubstituível para o desenvolvimento. São Paulo: Quenrie, 2020.

SOCIEDADE TAOISTA DO BRASIL. A MEDITAÇÃO TAOISTA. Rio de Janeiro: Sociedade Taoista do Brasil, 2012. Disponível em: < http://sociedadetaoista.com.br/blog/atividades/meditacao-taoista-2/#:~:text=Medita%C3%A7%C3%A3o%20Tao%C3%ADsta%20O%20Caminho%20espiritual%20tao%C3%ADsta%20tem%20como,pr%C3%A1ticas%20que%20buscam%20a%20cont%C3%ADnua%20expans%C3%A3o%20da%20consci%C3%AAncia.>, Acesso em 23 de abril de 2021.

WYNNE, Alexander. THE ORIGIN OF BUDDHIST MEDITATION. London: Routledge, 2007. Disponível em: <http://www.ahandfulofleaves.org/documents/The%20Origin%20of%20Buddhist%20Meditation_Alexande%20Wynne.pdf>, Acesso em 23 de abril de 2021.

 

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