Principais tradições meditativas do Ocidente
Apesar de menos conhecidas no Ocidente do que nas tradições orientais, são muitas as tradições ocidentais de meditação que podem ser consideradas escolas de meditação originais, místicas e profundas. Nesta parte, vamos discorrer, ainda que de forma preliminar, sobre algumas das principais tradições meditativas, como a Grega e a Egípcia. Em breve, abordaremos a Cristã, a Islâmica e a Judaica. O objetivo não é expô-las em ordem cronológica, mas procurando entender a relação delas com uma herdeira destas tradições ocidentais, a Meditação de Cafh.
Meditação grega
A Meditação Grega tem sua origem em tempos tão remotos como os de Homero, talvez, 1000 anos antes de Cristo.
Uma primeira análise mostra que a meditação ocidental se dedica de outra forma à prática meditativa. Os gregos queriam ganhar consciência buscando o entendimento através da reflexão e da consciência. Essa meditação chegou ao período dos estóicos, e é dela que temos alguma descrição.
Os princípios desta meditação são: 1) atingir a quietude da mente; 2) tirar o foco do mundo exterior através do silêncio, levando-o para o mundo interior, considerado o foco do divino; e 3) a chegada na “mente única”. Essa sequência de movimento mental na busca do entendimento e reflexão, e assim da maior consciência, era a finalidade da meditação estóica, de provável origem pitagórica, grega. Dizemos que é provável a origem pitagórica da meditação estoica por ser o estoicismo apenas 2 ou 3 séculos posterior às escolas pitagóricas, e por ter uma proposta similar de conhecimento pela razão e pelo aprofundamento nas causalidades. Segundo nossa percepção, essa tradição tem uma maior proximidade com as propostas de meditação de Cafh.
Há ainda a tradição da meditação do Círculo de Hierocles. Hierocles era um filósofo grego do século V depois de Cristo, nos primeiros tempos do Império Bizantino ou Império Romano do Oriente. Era uma prática também pitagórica que envolvia círculos de amor e cuidado, primeiro com a própria pessoa que medita, depois, com familiares e amigos, e ia se expandindo gradualmente para a cidade, região, nação, até chegar ao mundo e ao universo inteiro (ELLI GOLD, 2021).
Essa é mais uma forma de meditação pouco contemplativa, ativa, de busca pela percepção mais profunda, que evolui gradativamente buscando consciência e entendimentos mais amplos. Sabemos, porém, que embora muito ligada à religião Ária original, e com toda a força mística desta origem, a Grécia foi muito influenciada pelo Egito (BOVISIO, 2021), de maneira que entender as escolas ocidentais de meditação implica em estudar o que acontecia na terra dos Faraós.
Meditação Egípcia
Na medida em que encontramos referência sobre a influência egípcia sobre a Grécia, pensamos ser importante verificar o que podemos levantar sobre a meditação do antigo Egito. O texto do Kabesh, construído no Egito, aproximadamente em 1.800 a.C., reúne a sabedoria mais antiga, e teve sua maior divulgação na época de Amenófis IV, faraó que trabalhou pelo monoteísmo no Egito (AKenaton). O Kadesh reúne uma série de práticas realizadas com a pronúncia de certo conjunto curto de palavras, a ser repetido por alguns minutos ( mantras?) e acompanhado com certas disposições e preparos do corpo, que são chamados Dabraká. Essa meditação é mais intuitiva, embora tenha como meta obter resultados práticos específicos, como autocontrole, equilíbrio e disposição.
Notemos que esta tradição ocidental, intuitiva, tem foco na obtenção de certa atitude da mente. Mas além de seu valor próprio e de ter influenciado os gregos, ela também é importante por ter, como muitos acreditam, influenciado a Cabala e as formas hebraicas de meditação (ROLLAND, 1998).
Vejamos na próxima parte deste artigo as contribuições das escolas de meditação judaica, cristã e islâmica.