Economia providencial: utilizando os recursos com sabedoria
Precisamos compreender que somos responsáveis pelos recursos que
dispomos não só para a manutenção da própria vida, mas da vida de todo o planeta.
Economia Providencial é uma forma sábia e participativa de utilizar o livre arbítrio na administração dos recursos materiais, mentais e espirituais para colocá-los a serviço do bem comum. Poderíamos dizer que a economia providencial é a concretização do sentido de participação, de um estado de consciência que se expressa na vida quotidiana como responsabilidade e direito de ocupar um só lugar na sociedade: o seu lugar.
É importante ressaltar que dizemos economia, porque se trata da produção, conservação e multiplicação de recursos necessários e úteis ao desenvolvimento de todo ser humano; e dizemos providencial no sentido de que provê o que nós e todos os seres necessitamos para alcançar o fim desejado, no caso, a plena realização das mais altas possibilidades da vida sobre a Terra.
O conceito de economia providencial tem como elementos-chave a participação e a utilização de recursos. Chamamos de participação o estado de consciência que temos quando incluímos em nós o que outras pessoas pensam, sentem e experimentam, sem discriminá-las, tanto como atitude e como comportamento. Como atitude, a participação impõe limites aos nossos desejos e necessidades; como comportamento, a participação nos leva a assumir responsabilidades e a agir de acordo com o que outros podem precisar de nós, de forma a beneficiá-los. Quando participamos não nos possuímos a nós mesmos totalmente: nossa vida é vida em todos os seres humanos, pois viver separados por um egoísmo exclusivo seria como uma morte espiritual para nós, já que o amor que anima nossa participação transcende os limites de nossa pessoa: sentimos que não temos direito a apropriar-nos de nossa vida, que não podemos separá-la da vida mesma nem tampouco separá-la da vida de cada ser humano.
Já recursos são considerados os bens materiais, mentais e espirituais de que dispomos para o nosso desenvolvimento. Como exemplo, temos comida, água potável, alimento, ar limpo, energia, abrigo, educação, salubridade, recreação, relações sociais, segurança, liberdade de pensamento, de culto, acesso a doutrinas, ensinanças, práticas, cerimônias, poupança etc.
Mas como realizar a economia providencial na prática?
Enquanto caminho espiritual, Cafh nos oferece a meditação, o exame retrospectivo, a frugalidade, o autodomínio, a temperança, a participação, o amor e a experiência em retiros como guia para aplicar a Economia Providencial. E ao aplicá-la, tomamos consciência de que nada nos pertence na realidade. Somos administradores dos bens da vida, sendo cada coisa um patrimônio comum. Por isso devemos dar o melhor uso para cada bem que manejamos, seja material, mental ou espiritual.
Além disso, voltemos nosso olhar para nosso interior. Para poder realizar a mudança que desejamos, é necessário que comecemos por transformar nosso meio interior — nosso mundo — e construir um ambiente harmônico que nos converta em seres humanos integrais. Ali, nesse meio interior, é onde temos que começar a tarefa, pois existe uma íntima relação entre nosso organismo, o meio ambiente interior que gestamos e o meio ambiente exterior que habitamos. Desta forma, compreender, entender e atuar em consequência nos leva a comprometer-nos com o cuidado dessa biosfera espiritual, fundamental para desenvolver-nos como seres humanos integrais. Por fim, pensemos no ecossistema constituído por nossos sentimentos e aspirações. Protejamos esse meio interior para que albergue sentimentos de amor, de compaixão, de compreensão e amizade.
Assim, como dito acima, viver a Economia Providencial no sentido social é ocupar apenas um lugar no mundo e no usufruto da riqueza, e não mais. É transformar a própria energia em força mental para o mundo e gerar, tanto com o que serve como com o que é desnecessário e o que sobra, bens necessários, reais, que sejam fonte de riqueza futura para si mesmo e para todos os seres.
