Renúncia: desapego como estratégia para conhecermos nosso verdadeiro Ser

Renúncia: desapego como estratégia para conhecermos nosso verdadeiro Ser

Na medida em que compreendemos a renúncia, harmonizamos nossa relação com a vida, desenvolvemos nossa individualidade e expandimos nosso estado de consciência.

Há muitos caminhos espirituais com ideias bonitas e valiosas. Em Cafh temos como princípio a ideia da Renúncia e é essa ideia que oferecemos à humanidade, com a confiança de que ecoará nas almas vocacionadas.

Nos ensinamentos de Cafh renunciar pressupõe compreender a natureza de nossa relação com o que temos e experimentamos, e agir em consequência. Quando não fazemos algo, não deixamos de fazê-lo porque “é mau”, mas porque a ação não promove o nosso desenvolvimento ou produz algum dano a nós mesmos ou ao coletivo. Da mesma forma, quando realizamos algo, não é porque “é bom”, mas sim porque faz bem, contribui para o nosso desenvolvimento espiritual, e, consequentemente, para a humanidade.

A ideia da Renúncia traz em si o conceito da temporalidade. Reconhecemos a temporalidade e, em vez de aferrar-nos ao que em definitivo perdemos, internalizamos valores permanentes: a fé pura e a busca da união com o divino. Essa ideia se expressa quando subordinamos nossas decisões e escolhas ao que produz nosso desenvolvimento espiritual.

Geralmente, quanto menor é o conhecimento de nós mesmos, mais nos identificamos com as correntes e as modalidades do momento, nos encerrando nelas como se fossem únicas, verdadeiras e definitivas. É assim que nos identificamos com um corpo de costumes que depende de onde estamos no tempo e no espaço. A própria ideia de “pertencer” a uma cultura, raça ou sociedade está tão arraigada em nosso subconsciente que não nos damos conta de que o que consideramos como nossa individualidade designa mais um produto do meio do que um ser humano individual.

Assim, estamos tão habituados a fazer próprios a identidade, os objetivos e os significados que o lugar que ocupamos na sociedade nos designa, que sentimos o fato de independentizar-nos dessa identificação como se fosse um despojo, e até mesmo como a perda de sentido de nossa vida. Mas, à medida que aprendemos a renunciar, compreendemos que alcançar essa independência é indispensável para chegar a reconhecer nosso ser real.

Na medida em que compreendemos e realizamos a renúncia, harmonizamos nossa relação com a vida, desenvolvemos o sentido de nossa individualidade e expandimos nosso estado de consciência, encontrando soluções para os males do mundo, aprendemos a considerar nossos conflitos só como um ponto de contato e de apoio para compreender a própria humanidade. A renúncia nos dá a distância necessária para compreender a nós mesmos e compreender o que ocorre fora de nós.

Para tornar clara essa ideia, imaginemos um astronauta que empreende uma viagem ao espaço. Nessa viagem, o astronauta renuncia à segurança de sua casa sobre a Terra, à convivência com familiares e amigos, aos seus pertences. Quanto mais mergulhado nos acontecimentos da viagem, mais aprendizado produzirá. Esta é a imagem da trajetória que temos que percorrer. Desta renúncia pode nascer uma compreensão mais ampliada de nós mesmos, de nosso lugar no mundo, da importância e valor que damos à vida, às pessoas, às coisas.

Essa tomada interior de consciência abre novas possibilidades. A renúncia nos faz nascer para o mundo interior e, sobretudo, ensina-nos que a realização que buscamos é um estado mais amplo do que alcançar uma felicidade ou plenitude pessoal. E nos faz compreender muito profundamente que teremos que aprender uma nova linguagem para expressá-lo.
Se preferimos voltar a encerrar-nos, a isolar-nos do mundo, a viver nossa vida e nossos problemas, não perguntemos pelo sentido da existência. Se fugimos do mundo e da vida, a vida não tem resposta para nós. Mas se renunciamos a esta covardia mental, se renunciamos a isolar-nos como entes separados e opostos ao mundo, a vida e o mundo se revelarão em nossa consciência.

A renúncia nos ensina que o verdadeiro amor não se mostra somente em dar, mas em dar-nos, que o problema do mundo é nosso problema, está em nós.

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