Gratidão II – A gratidão no desenvolvimento espiritual
A gratidão afeta o universo de relações humanas, em suas dimensões sociais, históricas, espirituais. A presença ou ausência da gratidão transform a vida, a consciência de ser ou de estar no mundo.
O que é a gratidão?
Jorge Waxemberg, em seu livro O Valor da Palavras, exercícios de autoconhecimento e de convivência (2012) nos convida a refletir sobre o que é a gratidão e qual é a sua importância, no processo de desenvolvimento espiritual.
Apresenta, nesta obra, valiosos ensinamentos. O primeiro é aprender a olhar a gratidão como uma virtude a ser praticada. O segundo ensinamento é saber que há graus da gratidão. O terceiro é aprender a ter consciência de que é fundamental sentir gratidão.
Olhar a gratidão como uma virtude é um desafio que aponta para uma ação viva, guiada por um objetivo, um trabalho interior consciente e criativo. A prática da gratidão como virtude é parte do Método de vida de Cafh, um exercício essencial para o processo de desenvolvimento espiritual. O primeiro passo seria entender que a gratidão é uma força, um raio de amor que rompe limites do egoísmo que nos enclausuram. Porque é uma força que, segundo Waxemberg, “nos move a olhar para fora de nós mesmos, a estabelecer vínculos e a colaborar com os outros.”
E o que pensar sobre os graus da gratidão?
Imaginar a gratidão em seus matizes, suas nuances, cores é instigante, um convite à transcendência! Além de gerar novos significados, é uma possibilidade que amplia a percepção, o sentimento, a vivência de novas experiências do gesto de agradecimento. Gera expansão de consciência, cria um contexto de interação com a existência que possibilita mergulhar em um universo de novas compreensões, ações, novo modo de ser. Transformam-se as relações com o outro.
Transitar entre os graus de gratidão é trazer à luz novas formas de sentir e de vivenciar agradecimentos. Ousar pôr a consciência em ação, em cada experiência da vida. Uma renovação constante.
Os graus ou matizes da gratidão, para Waxemberg, dependem do contexto em que a experimentamos. Isto é, a força que nos move a experimentar a gratidão depende da expansão do estado de consciência que nos ilumina. Quanto mais amplo o contexto de interação, mais profunda ou maior é a qualidade da gratidão que nos move a tecer relações cada vez mais responsáveis com as pessoas, com o que acontece conosco ao longo da existência.
Como desenvolver a gratidão como virtude, em seus matizes?
Não é uma tarefa complicada, mas requer sentimento. Aprender a sentir gratidão conscientemente é um exercício que pode ser feito no dia a dia. Waxemberg diz que sentir gratidão é uma forma de meditar que contribui para gerar em si mesmo uma abertura interior para ver os presentes que a vida nos dá, escutar o que o outro nos diz, abrir caminho para a empatia e para a participação. É um trabalho de viver com consciência, sabendo que em cada grau de gratidão há um novo modo de viver.
E quais são os graus ou matizes da gratidão? No próximo encontro, vamos refletir sobre este tema.
Até Sempre!
Por Marilda Clareth