Clima de confiança para o diálogo: devo me sentir bem

Clima de confiança para o diálogo: devo me sentir bem

A ascética expande nossa consciência e a renúncia nos ensina a encontrar paz interior, permitindo-nos ‘estar bem’ mesmo em um mundo doloroso, ao fazer o que nossa consciência indica.

Dentro da ascética há práticas que nos ajudam a sentir-nos bem, embora nem todas tenham o mesmo efeito em nossa consciência. Dependendo da intenção com que as praticarmos podem ajudar-nos a progredir dentro do estado de consciência em que estamos ou podem estimular a ampliação de nosso estado de consciência.

Por exemplo, o estudo, a reflexão, a meditação, a concentração, estimulam nossas capacidades mentais. Exercícios físicos como os do yoga nos ajudam a controlar o corpo e algumas funções da mente. Outros exercícios podem ajudar-nos a superar estados de tensão, raiva, angústia, temor, situações conflituosas ou aflitivas.

É claro que a prática desses exercícios estimula nosso desenvolvimento, porém, se a intenção com que os praticamos for só a de sentir-nos bem, por mais que nos sintamos satisfeitos e desenvolvamos algumas capacidades ao praticá-los, mantemos em nós a mesma noção de ser, da vida e do mundo. Crescemos dentro dos limites de um mesmo estado de consciência. Nossa atenção continua centrada em nós mesmos.

Como responder ao nosso desejo natural de sentir-nos bem?

A Ascética da Renúncia nos ensina a não depender tanto do que outros nos fazem ou de seu reconhecimento. Também nos ensina a não depender do que possamos conseguir ao agir, mas a encontrar plenitude no que fazemos, fazendo-o bem. É óbvio que esta forma de sentir-nos bem não é imune ao sofrimento; certamente não encontramos plenitude por sofrer; é o que fazemos perante o sofrimento que pode dar-nos plenitude interior.

Além disso, quando nos abrimos a um contexto mais amplo vemos melhor a situação do mundo em que vivemos. Ao contemplar tantos conflitos e sofrimentos não podemos deixar de perguntar-nos: é possível sentir-me bem em um mundo pleno de dor?

Quando nos abrimos ao contexto da humanidade e deixamos que tudo entre em nós, as alegrias e as dores, a beleza e a feiura, deixa de ser importante para nós alcançar uma felicidade exclusiva; sabemos bem que essa felicidade é a via de escape que imaginamos para não enfrentar o desafio de desenvolver-nos.

Compreendemos então que, quando renunciamos à ilusão de imaginar que podemos evitar o sofrimento, não perdemos nada; simplesmente deixamos cair os véus com os quais, por temor ou indecisão, desfiguramos a realidade para acomodá-la a como desejaríamos que fosse. E essa compreensão é a base da percepção de “estar bem”.

Não podemos mudar as leis da vida. Mas, ainda assim, fazer o que nossa consciência nos diz que temos que fazer, e fazê-lo bem, é uma fonte de paz interior sempre ao nosso alcance.

Presença
Embora possamos dizer com suficiente precisão onde estamos localizados fisicamente, nem sempre estamos mentalmente ali.
São inúmeras as ocasiões em que escapamos de onde estamos. Fomos, mas não estivemos.

Convém lembrar que, em qualquer lugar em que estivermos, esse lugar terá limites tão amplos como os que lhe damos em nossa mente. Ali onde se encontrarem esses limites, também estarão os limites de nossa consciência.

Por Pierluigi Semenza

Últimas matérias
NewsLetter

Assine nossa newsletter

Assine nosso boletim informativo para obter informações atualizadas, notícias e insights gratuitos.