Gratidão III – A expansão da gratidão
A gratidão é uma ponte que nos conecta com o mundo e com o nosso próprio coração.
O título sugere que a gratidão evolui ou é construída, no processo de expansão da consciência. A relação espiritual entre os seres humanos pode ser a base de experiências que dão vida a formas de expressar a gratidão, cada vez mais renovadas e inspiradoras. Participar e viver novos graus de gratidão são desafios ou poesia, transcendência, iluminação do amor.
E quais são os graus ou matizes da gratidão?
Parece que no princípio, no primeiro grau, a gratidão nasce como uma emoção, uma reação que gera vínculos. É um reconhecimento por perceber que recebeu um bem, um presente. E neste instante, a pessoa humana aprende a agradecer, a sentir uma reação-emoção, desencadeadora de vida, de alegria, bem-estar, reconhecimento da participação e da presença do outro. Compreende que esta emoção alterou o seu significado de vida. A relação com o outro ganha um novo sentido.
No segundo grau, a emoção gratidão é um sentir mais consciente. A convivência com o outro ensina que é importante agradecer ao receber um presente, ao experimentar uma sensação agradável. Aprende-se, então, a criar um vínculo afetivo com quem ou com o objeto que produziu a emoção de bem-estar. Agradecer começa a fazer parte das normas de boa convivência. Há situações em que agradecer é uma obrigação, uma norma social, um gesto automático. E repetimos fórmulas de gratidão, sem dar-nos conta de seu significado, em determinados contextos sociais. Esvazia-se o gesto de agradecer. Não há ternura. E o vínculo afetivo precisa ser ressignificado. A consciência de que a gratidão pode ser um vínculo amoroso motiva uma reflexão, uma meditação.
No terceiro grau, a gratidão se transforma. O agradecimento é um sentir-emoção que se transforma em alegria. As sensações de bem-estar e de alegria ensinam a agradecer de forma consciente, com afeto. Agradecer não é só uma norma, uma etiqueta social. A vontade, a consciência e o amor iluminam o ato de agradecer. Nasce o novo ser humano que agradece conscientemente, porque expandiu a consciência e ganhou sabedoria. A emoção e o sentimento de gratidão se mesclam. Agora é aprender a manifestar a gratidão.
Entramos no quarto grau da gratidão, quando se aprende a agradecer, expressando emoção, sentimento, sabedoria. Neste grau, a gratidão se presentifica na capacidade de conviver, gerar vínculos que ampliam ainda mais o significado da vida. Agradecer é dar e receber amor, é expandir a consciência de ser e de estar no mundo. Dar e receber amor significam olhar o mundo, em sua complexidade. Tudo é vivo e o sentimento de gratidão possibilita ver o que cada ser vivo oferece e recebe. O rio, as plantas, o ar que respiramos, por exemplo, são seres vivos. Dão e recebem vida. Essa forma de olhar gera sentimentos de gratidão, vínculos unitivos, motivadores de serenidade, alegria, responsabilidade, compaixão. Agradecer o ar que respira faz receber o dom da vida. Olhar a beleza da flor desperta sentimentos de beleza em quem olha.
E os outros graus de gratidão? A meditação, a detenção, a oração, a reflexão podem nos ajudar a descobrir. São práticas de um método de vida para o trabalho de expansão da consciência. Sem desenvolvimento espiritual, às vezes, permanecemos só nos primeiros graus de gratidão. Não nos aventuramos a criar, a construir novos graus de gratidão!
Um grande desafio seria aprender a privilegiar não só as condições de sobrevivência, mas também a transcendência da vida.
No próximo encontro, a empatia também pode ser vista como uma manifestação, um exercício de gratidão.
Até sempre!
Por Marilda Clareth