Atualizando o significado da mística

Em nossa edição anterior o foco foi a ascética, da forma como a praticamos em Cafh. Nesta, o tema central é a mística, o outro elemento do binômio básico do trabalho de desenvolvimento a que nos propomos em nosso caminho espiritual. De fato, a doutrina que sustenta a nossa busca pelo desenvolvimento integral e que se expressa no método de vida que abraçamos, remete-nos a uma ascética mística.

Acreditamos que é com base nesta ascética mística que podemos construir a nossa verdadeira individualidade e, a partir dela, desenvolver ao máximo nossas possibilidades como seres humanos, oferendando-as à humanidade através do amor.

Se o que nos move é o desenvolvimento de nosso estado de consciência – como temos repetido – para uma participação efetiva com os destinos de todos os seres, de que significado se reveste o conceito de mística para nós?

A palavra mística vem do grego mystikós, da mesma raiz de mistério ou crença em algo superior à razão. O místico se nos afigura como alguém dotado de uma fé intuitiva, devotado fortemente a uma idéia ou crença. Para muitos, no entanto, a palavra mística guarda tão somente a conotação de fenômenos psíquicos ou sobrenaturais, que levariam a momentos de êxtase ou estados alterados de percepção. Essa, aliás, tem sido a acepção de mística mais popular e a mais difundida. Mas, certamente, não esgota o conceito nem o representa da forma como pretendemos.

Procuramos apresentar o tema por diferentes ângulos, de forma a explorar a riqueza do trabalho desenvolvido tanto pelos que dedicam suas vidas integralmente a isso, como no caso das pessoas que vivem nas comunidades de Cafh – tema da matéria de capa*, como pelo que cada um de nós pode realizar no cotidiano, aqui e agora.

Veremos que a vida diária é uma fonte de possibilidades imensas para o desenvolvimento de nosso estado de consciência, ou seja, da nossa “mística”, seja nas tarefas domésticas ou nas profissionais, em uma simples corrida de táxi – como no artigo “Salvo por Maria”, ou ainda em “Eu, aqui, agora”.

O papel do voto, do compromisso assumido, também é abordado, assim como exemplos de vida como a de Alberto Schweizer, na seção Memória. Outras reflexões centradas no Perdão e na Amizade completam o enfoque principal. E uma nova seção, voltada para a sabedoria universal – uma das fontes dos ensinamentos de Cafh – reforça as já habituais sobre Meditação e Livros.

Antes de convidá-lo para a leitura desta nova edição da revista Cafh, queremos compartilhar uma exortação recebida em um de nossos retiros espirituais: “Arraiguemos nossa mística na vida diária. Participemos de maneira efetiva assimilando as respostas da vida a nosso atuar, começando pelas que nosso entorno imediato nos dá. Uma vez que logremos esse núcleo de participação, haverá uma onda de consciência que poderá se expandir. Dessa maneira resgataremos do mundo dos sonhos a ideia de alcançar um estado de consciência mais amplo e inclusivo.

Para que a semente crie raízes, temos que plantá-la. Plantemos nossa mística na realidade cotidiana para que assimile os nutrientes de nossa relação com a vida. A vida corrente, a de todos os dias – a que conhecemos – é o único meio concreto com o qual contamos para expandir nosso estado de consciência e nossa mística e, portanto, participar com a humanidade e unir-nos a Deus. É por isso que dizemos que não há uma vida espiritual separada: há somente Vida.”

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